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domingo, 20 de junho de 2021

VELOCIDADE DO CONTÁGIO ATIRA O PAÍS TODO PARA O VERMELHO


Incidência nacional está próxima dos 120 casos por 100 mil e Lisboa e Vale do Tejo deverá passar os 240 nos próximos dias. Rastreios sob pressão.

Com a quarta vaga dentro de portas, alavancada por Lisboa e Vale do Tejo (LVT), a incidência está a acelerar a subida, com os novos casos a duplicarem a cada 15 dias. Na sexta-feira, Portugal estava já no limite dos 120 casos a 14 dias por 100 mil habitantes.

Conjugado com um índice de transmissão (R) de 1,15, dentro de dias ou horas, mesmo todo o país vai entrar na zona vermelha da matriz de risco. Que, segundo os peritos, no relatório que entregaram em março ao Governo, aponta para o aproximar de uma situação epidémica não controlada, requerendo medidas (ver infografia).

Os cálculos são feitos, ao JN, por Óscar Felgueiras, matemático especialista em epidemiologia da Universidade do Porto que tem assessorado o Executivo no combate à pandemia, e têm por base os relatórios da Direção-Geral da Saúde. À luz dos dados de ontem, o continente estava, na sexta-feira, com 118 casos/100 mil (117, a nível nacional), pressionado por LVT, que responde por mais de um terço da população, nos 208 casos/100 mil.

"Vamos entrar na zona vermelha de risco. Fica claro que amanhã (hoje), o país passa os 120", avisa. Recordando o relatório das linhas vermelhas dos peritos, segundo o qual, aqui chegados, estaríamos a aproximar-nos "de uma situação epidémica não controlada, sendo o momento de tomar medidas". "Contextualizando, agora, a situação", tomando indicadores como a cobertura vacinal e as variantes.

Variante Delta será dominante

E se o comportamento, com surtos em convívios familiares e resistência à testagem, explica parte dos dados, o ónus está, de facto, na nova variante indiana (Delta), a trocar as voltas ao plano de desconfinamento. Sendo já quase certo que não deveremos avançar para a próxima etapa, apontada para 28 de junho.

Com uma prevalência estimada de 50% em LVT, a Delta deverá levar a região a ultrapassar os 240 casos/100 mil "nos próximos dias". Com um grau de transmissibilidade cerca de 60% superior à variante britânica, faz o R "saltar" de 1 para 1,3, sendo que LVT está já acima dos 1,20, num "crescimento descontrolado", desmonta Óscar Felgueiras. "A Área Metropolitana de Lisboa está tomada, com risco de alastrar". Com 3,5 milhões de habitantes, "alavanca o resto do país", avisa.

E se a linha vermelha crítica da matriz de risco está nos 240 casos/100 mil, o matemático entende que "a incidência está já tão elevada, que dificilmente se conseguirá evitar estes 240". Porque com a Delta a caminhar para dominante e com uma "quantidade grande de população suscetível e que não tem o esquema vacinal completo, o crescimento será exponencial por um período mais prolongado". Tornando inevitável que o país se pinte de "vermelho no mapa do Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças" hoje, está no laranja.

Dificuldades nos rastreios

O aumento de casos está também a pressionar cadeias de controlo importantes da pandemia, com a percentagem de casos e contactos isolados e rastreados nas primeiras 24 horas após notificação a ficarem abaixo dos 90% recomendado pelos peritos. De acordo com o último relatório do INSA, os contactos isolados estavam nos 83% e os rastreados nos 78%.

"Particularmente em Lisboa, já há dificuldades em conseguir manter a resposta em tempo útil; os recursos já tinham sido desmobilizados, devia ter sido antecipado", diz o presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública. Ricardo Mexia fala em "relatos de dificuldade e os números refletem isso mesmo, menos capacidade em 24 horas".

Vincando, ainda, "um enorme problema de comunicação, com as pessoas a acharem que a pandemia acabou: foi dado esse sinal por pessoas com responsabilidade". É preciso, sublinha, "que as pessoas percebam que a vacina é direcionada para evitar episódios graves da doença e mortalidade e que os testes reduzem os riscos, mas as pessoas não querem fazer testes".

Positividade a subir

Ainda distante do limiar de 4%, a taxa de positividade subiu 1 ponto percentual face à semana passada, para 2,3%. De acordo com o INSA, "observa-se um decréscimo no número de testes e um aumento da proporção de testes positivos". Apesar do acréscimo de testagem em Lisboa e Vale do Tejo, contam-se, a 7 dias, menos nove mil testes.

25% com duas doses

Um quarto da população tem a vacinação completa, sobretudo nas faixas etárias mais elevadas. Lisboa e Vale do Tejo está nos 20% (a mais baixa taxa de cobertura de imunização do país). Com o ritmo da vacinação a acelerar, 70% da população deverá ter uma dose em julho/agosto.

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