O que é a variante Delta?
A variante Delta (linhagem B.1.617.2) foi originalmente detetada por cientistas, em dezembro do ano passado, na Índia, país onde rapidamente se tornou dominante. Apresenta múltiplas mutações na proteína Spike "potencialmente mediadoras de uma maior capacidade de transmissão e/ou evasão ao sistema imunitário", de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Em causa, particularmente, duas mutações associadas a uma menor neutralização por anticorpos, o que levou já a Organização Mundial de Saúde a classificar esta variante como "preocupante", estando presente em cerca de 80 países.
Esta variante é mais perigosa?
Os estudos internacionais apontam para um maior grau de transmissibilidade desta variante face à Alpha, originalmente detetada no Reino Unido (setembro de 2020). De acordo com epidemiologistas britânicos, a Delta será 60% mais transmissível do que a Alpha, sendo agora a variante dominante no Reino Unido, respondendo por 99% dos casos sequenciados e genotipados no país. O que levou o governo liderado por Boris Johnson a adiar a próxima etapa de desconfinamento por um mês.
Por outro lado, um estudo desenvolvido por investigadores escoceses e publicado no "The Lancet" sugere que a variante Delta duplica o risco de hospitalização quando comparada com a Alpha.
Vacinas protegem contra a variante Delta?
O mais recente estudo do Public Health England, conhecido na passada segunda-feira, aponta para um grau de eficácia superior a 90% com duas doses de vacina. Para duas doses da Pfizer, apuraram uma eficácia de 96% contra hospitalização; e para duas doses da AstraZeneca de 92%. Para o efeito, analisaram 14019 casos de variante Delta (166 obrigaram a hospitalização), no período de 12 de abril a 4 de junho.
Colocando, assim, sob pressão a administração da segunda dose. Razão pelo qual o Reino Unido está a acelerar a administração da segunda dose na população acima dos 50 anos, reduzindo o intervalo entre tomas de 12 para 8 semanas no caso da AstraZeneca. O mesmo foi esta semana decidido pela Direção-Geral da Saúde, "de forma a garantir a mais rápida proteção conferida pelo esquema vacinal completo de VAXZEVRIA (AstraZeneca), perante a transmissão de novas variantes de preocupação de SARS-CoV-2".
Qual a prevalência em Portugal?
De acordo com o último relatório de diversidade genética do novo coronavírus do INSA, realizado com amostras recolhidas em maio e atualizado a 14 de junho, naquele período apurava-se uma prevalência de 4% da variante Delta (indiana) e de 88,4% da variante Alpha (britânica). Dados que, deverão ser actualizados no início da próxima semana, com os resultados das primeiras amostras recolhidas em junho.
Segundo os especialistas nacionais, a variante Delta terá já um peso superior a 50% em Lisboa e Vale do Tejo, região que responde agora por dois terços das novas infecções no país. O INSA, refira-se, assumiu já a existência de circulação comunitária da Delta em Lisboa e Vale do Tejo.
Mais transmissível e, à luz dos dados disponíveis, com maior risco de internamento, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou também, nesta quinta-feira à noite, que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo "pôs os hospitais de prevenção para a necessidade de aumentar camas nas unidades de cuidados intensivos".
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