"Disse sempre que não conduziu o veículo. Hoje, sabendo da prova junta ao processo, já admitiu que, afinal, pegou no carro e, agora, vem dizer que, na sua língua, conduzir e estacionar é diferente?!", criticou a procuradora do Ministério Público (MP), nas alegações finais.
As imagens, gravadas por uma câmara de videovigilância da zona, tinham sido, entretanto, juntas ao processo. Valery, que prescindira de tradução e nunca manifestara dificuldades no português (vive em Portugal há 20 anos), alegava, ontem, dificuldades em compreender "certas palavras". A advogada renunciou. Trocou de defensor.
O ucraniano, de 42 anos, que, na primeira sessão de julgamento garantia que o carro "nem tinha chave", que tinha bebido, mas "uma coisa mínima", e que foi "agredido pela PSP logo na rua", acabou a confessar que, afinal, estava "a estacionar" o carro. O resto está nas imagens: um homem a cambalear, nervoso, acaba algemado. Nenhum soco, nenhum empurrão.
A procuradora do MP lamenta a "má imagem" da PSP e os "danos" causados aos agentes, num caso "amplamente difundido nas notícias" e pediu que as imagens fossem exibidas em audiência. A juíza acedeu. "Os movimentos de cambalear são visíveis e andou pelo menos 100 metros", concluiu a magistrada.
As acusações de agressão e xenofobia contra vários agentes da PSP seguem num processo independente. Valery insiste que esteve cinco horas detido e ficou "com dois dentes partidos, hematomas na boca, no tronco e nos braços".
Sem comentários:
Enviar um comentário