O bastonário dos Médicos apelou esta segunda-feira a um confinamento geral, com medidas mais robustas que surtam "resultados consistentes" daqui a duas semanas. Miguel Guimarães avisa o Governo que os médicos "não conseguem salvar todas as vidas" pois os serviços já ultrapassaram "há muito" a linha vermelha.
Num "grito de alerta pelos doentes", bastonário e gabinete de crise para a covid-19 da ordem renovaram hoje a defesa de um conjunto de propostas que consideram urgentes para o país conseguir combater a pandemia de forma mais eficaz. Entre elas, "adotar sem reservas e com a maior brevidade um confinamento geral, no mínimo semelhante ao que ocorreu em março, abril de 2020, aquando da primeira onda da pandemia, com uma situação muito menos severa".
"É emergente esmagar a transmissão na comunidade", frisa o comunicado, que pede ao Governo para comunicar as regras de "forma transparente, coerente e objetiva, não omitindo a verdade", nem tentando "esconder a gravidade da situação" ou procurando "bodes expiatórios".
"As meias medidas nem servem a saúde nem a economia. Já perdemos demasiado tempo e continuamos a perder. É inaceitável continuar nas meias medidas e meias verdades. Dizer que está tudo bem, quando não está. Dizer que estamos a atingir a linha vermelha quando já a ultrapassamos há muito (não será preciso recordar os mais de 25 milhões de consultas presenciais, cirurgias e exames complementares de diagnóstico e terapêutica que ficaram pelo caminho e continuam a ficar)", sublinha o bastonário no comunicado.
Ter de escolher que doentes cuidam
A Ordem garante que os médicos já estão "neste momento, a tomar decisões complexas e muito difíceis em contexto de medicina de catástrofe e de estabelecimento de critérios de prioridade e não conseguem salvar todas as vidas". São os médicos, insiste o bastonário, "que desesperam perante os limites do sofrimento e da compaixão, mercê da incapacidade de tratar o outro, e assim são vítimas de burnout e sofrimento ético. São eles que, além dos doentes, sofrem no terreno, e que aguentam a pressão brutal sobre o SNS".
As equipas de saúde pública, defendem, devem ser reforçadas para que os inquéritos epidemiológicos sejam feitos em tempo útil para conseguirem quebrar cadeias de transmissão. A testagem tem de ser aumentada de forma "exponencial", "através da utilização massiva de testes rápidos" e todos os recursos de saúde - públicos, privados ou social - têm de ser aplicados na gestão de camas de internamento e de cuidados intensivos.
Entre as dez propostas, a Ordem pede ainda que os médicos de família sejam libertados da linha Trace-Covid e sejam contratados médicos para essa tarefa de modo a que "principal porta de acesso ao SNS possa estar aberta e não parcialmente encerrada". Além da revisão "imediata" dos critérios de prioridade do plano nacional de vacinação covid-19.
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