Jerónimo de Sousa voltou a ser a escolha do Comité Central do PCP para secretário-geral do PCP. Aos 73 anos, avança para o seu quinto mandato, confirmando o que o próprio já havia admitido: "ficar mais um bocadinho".
Entre 129 votos do Comité Central, só houve um contra a continuidade do histórico comunista e o próprio entendeu não votar na sua própria candidatura. João Ferreira, candidato presidencial do partido, estreia-se na Comissão Política, que foi aumentada e rejuvenescida.
A intervenção do reconduzido secretário-geral é esperada pelo meio-dia.
Após ter sido eleito na noite de sábado, por 98,5% dos votos de 611 delegados ao XXI congresso, o novo Comité Central do PCP optou por confirmar os sinais que vinham a ser dados por vários dirigentes do partido: de que Jerónimo de Sousa iria manter-se na liderança do partido.
Quanto a João Ferreira, nome que tem vindo a ganhar cada vez mais visibilidade e sobre o qual recaiu a aposta do partido na corrida a Belém, estreia-se na Comissão Política Nacional, que passa de 21 membros a 24.
Além do líder, o órgão máximo do partido constituído por 129 membros elegeu ainda por unanimidade o Secretariado do Comité Central, por maioria (com uma abstenção) a Comissão Política do Comité Central e ainda por unanimidade a Comissão Central de Controlo, o órgão de disciplina e fiscalização.
Dos dez nomes que integram o Secretariado do Comité Central, órgão de apoio a Jerónimo, destaca-se a entrada de Margarida Botelho, de 44 anos. Esta funcionária do partido, que chegou a passar pelo Parlamento, transita da Comissão Política para o Secretariado.
Da anterior estrutura, sai Luísa Araújo, de 73 anos, que ruma à Comissão Central de Controlo. Mantêm-se Alexandre Araújo, Francisco Lopes, Jorge Cordeiro, Manuela Pinto Ângelo, Paulo Raimundo, Pedro Guerreiro e Rui Braga, além do próprio Jerónimo de Sousa.
Dança das cadeiras
À Comissão Política, além da entrada de João Ferreira, chegam Belmiro Magalhães, Carina Castro, Paulo Raimundo e Ricardo Costa, que pela média das idades acabam por rejuvenescer este órgão. No jogo das cadeiras, o histórico dirigente Carlos Gonçalves sai e vai também para a Comissão Central de Controlo.
Por último, o antigo deputado Agostinho Lopes sai de membro do Comité Central e vai sentar-se na Comissão Central de Controlo. Neste órgão, além da já mencionada Luísa Araújo e Carlos Gonçalves, o estreante Luís Fernandes junta-se ao elenco de mais seis nomes que se mantiveram: Albano Nunes, Armando Morais, Francisco Melo, José Augusto Esteves e Rosa Rabiais. Saíram Alice Carregosa, Maria Manuela Brandão e Raimundo Cabral.
Foram três dias de reunião magna dos comunistas, no Pavilhão Paz e Amizade, após várias semanas debaixo de fogo da Direita, principalmente do líder do PSD, por ter ocorrido durante a fase mais dura da segunda vaga pandémica de covid-19.
Jerónimo de Sousa foi eleito pela primeira vez secretário-geral do PCP em 2004, com a saída de Carlos Carvalhas da liderança.