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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

TALIBÃS ORDENAM IMPLEMENTAÇÃO MAIS RESTRITA DA LEI ISLÂMICA


O líder supremo do Afeganistão ordenou que os juízes do país implementassem de forma absoluta todas as penas da lei islâmica, que incluem execuções públicas, apedrejamentos, açoitamentos e amputação de membros. O líder talibã prometeu uma versão mais branda do regime severo, que caracterizou o seu período no poder de 1996 a 2001, mas gradualmente reprimiu direitos e liberdades.

O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, esclareceu, numa mensagem divulgada através da rede social Twitter, que a norma "obrigatória" partiu do líder supremo, Hibatullah Akhundzada, após uma reunião com um grupo de juízes.

O líder do país pediu que os crimes mais graves, como o adultério, acusação falsa de adultério, consumo de álcool, roubo, crimes com violência ou ameaças, deserção e rebelião fossem punidos conforme a lei islâmica.

Quando o movimento talibã regressou ao poder, em agosto de 2021, prometeu ser mais flexível na aplicação da 'sharia', mas a interpretação ultra rigorosa do Islão foi sendo retomada. As autoridades passaram a punir em público os autores de roubos, sequestros e adultérios com penas como açoitamentos, amputações e apedrejamentos.

As mulheres, em particular, perderam o emprego ou recebem salários miseráveis para ficar em casa, além de enfrentarem a proibição de viajar sem estarem acompanhadas de um parente do sexo masculino e a obrigação de usar o 'hijab' quando saem de casa. Na semana passada, os talibãs também as proibiram de entrar em parques, jardins, pavilhões desportivos, ginásio e banhos públicos.

sábado, 4 de setembro de 2021

TALIBÃS DISPERSAM PROTESTO DE MULHERES COM TIROS E GÁS LACRIMOGÉNIO


Os talibãs dispersaram com gás lacrimogéneo e disparos para o ar um protesto organizado, este sábado, por mulheres afegãs, que nos últimos dias têm saído às ruas de Cabul para reclamar a sua participação num futuro Governo no Afeganistão.

As afegãs realizavam uma marcha a partir do Ministério das Relações Exteriores até às portas do Palácio Presidencial quando foram impedidas pelos talibãs.

"Impediram-nos de continuar a marcha e disseram que não é permitido ir até à porta do Palácio Presidencial", disse à agência espanhola Efe uma das organizadoras do protesto, que pediu anonimato.

"Usaram disparos e gás lacrimogéneo para dispersarmos e, inclusive, se cinco mulheres se reunirem num lugar para protestar são dispersas", acrescentou.

A mesma fonte afirmou que uma das manifestantes sofreu uma ferida na cabeça durante os confrontos desta manhã.

Este é o segundo protesto de mulheres realizado em Cabul nos últimos dias (e o terceiro desde que os talibãs tomaram o controlo de quase todo o país), depois de na passada quinta-feira cerca de 20 afegãs se terem reunido para reclamar os seus direitos no novo regime talibã.

"O protesto de hoje esteve em linha com o protesto" de quinta-feira, disse à Efe Samira Khairkhwa, outra das organizadoras, salientando que as mulheres pretendem pedir aos talibãs "uma participação significativa em todos os aspetos da vida, incluindo na tomada de decisões e na política".

"Até que os talibãs aceitem as nossas exigências, não ficaremos caladas, nem nos encerraremos em casa", acrescentou.

Os talibãs prometeram que o seu Governo será "inclusivo", representando todas as etnias e tribos do país. No entanto, os líderes fundamentalistas pediram às mulheres para esperarem pelas novas diretrizes, afirmando que, entretanto, as funcionárias públicas serão pagas mesmo estando em casa.

O porta-voz talibã, Bilal Karimi, disse na sexta-feira à Efe que "todos os afegãos, incluindo as mulheres, terão os seus direitos no futuro Governo, mas o nível de participação das mulheres na política é algo que será decidido e ficará claro quando se forme o novo Governo".

As afegãs defendem que nos últimos 20 anos alcançaram grandes avanços em matéria de direitos e educação, pelo que também merecem trabalhar como ministras, diretoras ou noutros postos governamentais.

Pedem também à comunidade internacional que não se esqueça delas e que trabalhe na defesa dos direitos das mulheres afegãs.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

VÍDEO: AEROPORTO DE CABUL DEPOIS DA SAÍDA DOS EUA


Imagens exclusivas da euronews mostram interior do edifício.


terça-feira, 31 de agosto de 2021

"O MUNDO DEVE TER APRENDIDO A LIÇÃO". TALIBÃS ASSUMEM CONTROLO TOTAL DO AEROPORTO DE CABUL


Os talibãs asseguraram esta terça-feira o controlo total do aeroporto internacional de Cabul e falaram de uma "lição" para o mundo, após o último avião norte-americano ter descolado, marcando o fim da guerra mais longa dos Estados Unidos.

Os líderes do movimento extremista islâmico caminharam simbolicamente através da pista, assinalando a vitória, flanqueados por combatentes da unidade de elite dos rebeldes Badri.

"O mundo deve ter aprendido a sua lição e este é o momento de apreciar a vitória", disse o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid.

Aos combatentes, no local, Mujahid disse esperar "que sejam muito cautelosos ao lidarem com a nação".

"A nossa nação sofreu guerra e invasão e o povo não tem mais tolerância", acrescentou.

Mais tarde, em declarações à Al-Jazeera árabe, no asfalto, Mujahid afirmou que "haverá segurança em Cabul e as pessoas não se devem preocupar".

Numa outra entrevista à televisão estatal afegã, o porta-voz talibã também abordou o reinício das operações no aeroporto, que continua a ser uma saída fundamental para aqueles que querem deixar o país.

"A nossa equipa técnica irá verificar as necessidades técnicas e logísticas do aeroporto", explicou. "Se formos capazes de resolver tudo por nós próprios, então não precisaremos de qualquer ajuda. Se houver necessidade de ajuda técnica ou logística para reparar a destruição, então poderemos pedir ajuda ao Catar ou à Turquia", indicou.

O general da Marinha Frank McKenzie, o chefe do Comando Central do Exército dos EUA, já tinha afirmado que as tropas "desmilitarizaram" o sistema para que nunca mais pudesse ser utilizado.

Outros oficiais norte-americanos disseram que as tropas não explodiram equipamentos para garantir que deixavam o aeroporto operacional para futuros voos, assim que recomecem.

McKenzie adiantou que os EUA também desativaram 27 viaturas blindadas e 73 aviões, que não poderiam ser utilizados de novo.

"O Afeganistão está finalmente livre", disse outro oficial talibã, Hekmatullah Wasiq. "O lado militar e civil está connosco e no controlo. Esperamos agora anunciar o nosso Gabinete. Tudo é pacífico. Tudo é seguro", insistiu.

Wasiq instou também as pessoas a voltarem ao trabalho e reiterou a promessa dos talibãs de oferecer uma amnistia geral. "As pessoas têm de ser pacientes", disse. "Lentamente voltará tudo ao normal. Vai levar tempo", salientou.

O aeroporto foi cenário de cenas caóticas e mortíferas desde que os talibãs começaram a conquistar cidades no Afeganistão, até tomarem Cabul a 15 de agosto.

Milhares de afegãos sitiaram o aeroporto, alguns caindo para a morte depois de se terem pendurado desesperadamente num avião de carga militar norte-americano. Na semana passada, um ataque suicida do Estado islâmico numa entrada do aeroporto matou pelo menos 169 afegãos e 13 operacionais dos EUA.

Hoje, depois de uma noite em que os talibãs dispararam triunfantemente para o ar, os guardas agora em serviço mantiveram afastados os curiosos e os que de alguma forma ainda esperavam apanhar um voo para fora.

"Após 20 anos derrotámos os americanos", disse Mohammad Islam, um guarda talibã no aeroporto, oriundo da província de Logar, armado de uma espingarda Kalashnikov. "Eles partiram e agora o nosso país está livre", afirmou.

"É claro o que queremos. Queremos a sharia (lei islâmica), paz e estabilidade", acrescentou.

Mohammad Naeem, porta-voz do gabinete político dos talibãs no Qatar, saudou igualmente o momento num vídeo 'online', publicado hoje.

"Graças a Deus todos os ocupantes deixaram completamente o nosso país", disse, felicitando os combatentes, apelidando-os de guerreiros santos. "Esta vitória foi-nos dada por Deus. Foi devido a 20 anos de sacrifício", destacou.

Zalmay Khalilzad, o representante especial dos EUA que supervisionou as conversações dos Estados Unidos com os talibãs, escreveu hoje na rede social Twitter que "os afegãos enfrentam um momento de decisão e oportunidade" após a retirada norte-americana.

"O futuro do seu país está nas suas mãos. Eles escolherão o caminho em plena soberania", escreveu. "Esta é também a oportunidade de pôr fim à sua guerra", concluiu.

domingo, 29 de agosto de 2021

TALIBÃS PERMITEM AFEGÃS NAS UNIVERSIDADES, MAS SEPARADAS DOS HOMENS


O ministro interino do Ensino Superior do Governo talibã disse, este domingo, que as afegãs poderão estudar nas universidades, mas em classes não mistas, e que o novo regime vai propor um programa de ensino "islâmico e razoável".

Depois da tomada do poder no Afeganistão, em meados deste mês, os talibãs procuram passar uma imagem de abertura e moderação, perante os receios de um retrocesso como o que se verificou durante o regime fundamentalista que esteve no poder entre 1996 e 2001, o qual, nomeadamente, proibiu a educação das raparigas.

Os afegãos "poderão continuar os seus estudos superiores segundo a sharia (lei islâmica) em segurança, sem que as mulheres e os homens estejam misturados", anunciou o ministro Abdul Baqi Hazzani, durante uma reunião com anciãos.

Os talibãs querem criar "um programa de ensino islâmico e razoável, de acordo com os valores islâmicos, nacionais e históricos, e, por outro lado, capaz de rivalizar com os outros países", declarou.

Raparigas e rapazes serão igualmente separados nos níveis de ensino primário e secundário, prática que já é seguida no país, ainda muito conservador.

Na reunião que se realizou em Cabul, na qual participaram outros responsáveis talibãs, não esteve nenhuma mulher.

"O Ministério do Ensino Superior dos talibãs apenas consultou professores e alunos do sexo masculino sobre a retoma das aulas na Universidade", deplorou, no Twitter, uma conferencista de uma universidade de Cabul.

Citada pela France Presse sem ser identificada, a conferencista afirma que a atitude dos talibãs mostra a "privação sistemática da participação das mulheres nos cargos de decisão" e "uma lacuna entre as promessas dos talibãs e as suas ações".

Nos últimos 20 anos, um número crescente de mulheres entrou na Universidade, em cursos mistos, mas com aulas apenas ministradas por homens.

No final da década de 1990, os talibãs excluíram as mulheres da esfera pública, vedando ainda atividades como idas ao cinema, tendo sido impostas punições brutais, como o apedrejamento para as acusadas de adultério.

Os talibãs ainda não anunciaram o novo Governo, declarando que aguardam o fim da retirada das tropas estrangeiras do país para o fazerem.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

BIDEN: "NÃO PERDOAMOS, NÃO ESQUECEMOS, VAMOS CAÇAR-VOS E FAZER-VOS PAGAR"


O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, prometeu esta quinta-feira "caçar e fazer pagar" os autores do duplo atentado bombista e do ataque armado junto ao aeroporto de Cabul, Afeganistão, atribuído ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).

"Não esqueceremos, não perdoaremos e vamos caçar-vos e fazer-vos pagar", disse Joe Biden, depois de um momento emocionado em que relembrou a morte do filho, ele próprio um antigo combatente militar.

Num discurso transmitido ao final da tarde em Washington, Biden afirmou que os ataques desta tarde eram esperados, mas que isso não vai alterar a estratégia definida para a saída dos EUA do Afeganistão.

O líder do Comando Central dos Estados Unidos, general Kenneth McKenzie, confirmou hoje 12 mortes e 15 feridos nos ataques desta tarde em Cabul.

Um responsável do Ministério da Saúde do governo afegão afirmou à BBC que o número de feridos é de, pelo menos 140, e que há pelo menos 60 mortos resultantes dos ataques.

"Os terroristas atacaram, tal como prevíamos e temíamos, mataram militares no aeroporto e feriram um determinado número de civis, havendo também mortes", disse o Presidente norte-americano durante o discurso.

Salientando que "a situação está em evolução, com atualizações constantes", Biden classificou os militares em Cabul, especialmente os que morreram hoje, de "heróis envolvidos numa missão difícil para salvar a vida de outros".

O presidente disse que nas últimas 12 horas, cerca de 7 mil pessoas saíram do país, das quais 5 mil são norte-americanos, num total de 104 mil desde o início da crise, em meados de agosto, e vincou que a resposta norte-americana aos ataques não vai vacilar.

"Vamos responder com precisão num momento à nossa escolha; vocês não vão ganhar, vamos salvar os americanos e os aliados afegãos, mas a missão vai continuar, não seremos intimidados, tenho toda a confiança que os militares vão continuar a missão", afirmou.

Já na parte das perguntas e respostas, Biden disse que "os talibãs não são boas pessoas" e explicou: "Eles agem pelos seus próprios interesses, de forma geral ninguém confia neles, contamos apenas no seu interesse próprio para continuarem a gerir as suas atividades, é no seu próprio interesse que as pessoas saiam".

Para Biden, "não há provas de que tenha havido um conluio entre o Estado Islâmico e os talibãs para levar a cabo o que se passou em frente ao aeroporto e em frente ao hotel, e ao que se espera que continue para além de hoje".

O Presidente acrescentou que "é muito possível que haja outro ataque", mas argumentou que as chefias políticas e militares consideram que isso não deve impedir que se mantenha a ponte aérea para retirar os norte-americanos e os aliados afegãos.

"Depois (de terça-feira, 31 de agosto) haverá várias oportunidades para dar acesso a mais pessoas para sair do país, seja através de meios que fornecemos ou que são dados em cooperação com os talibãs", acrescentou o chefe de Estado.

Questionado sobre as dificuldades que os norte-americanos e os aliados afegãos têm tido para conseguir sair do país mesmo com documentos válidos, Biden baixou as expectativas e admitiu que nem todos vão conseguir sair.

"Não há nenhum conflito em que, quando uma guerra acaba, um lado pode garantir que todos os que queriam sair conseguiram, há milhões de afegãos que não são talibãs e cooperaram connosco que se tivesse uma oportunidade para virem para os EUA, viriam amanhã mesmo; não se pode garantir que vamos tirar todos porque é preciso determinar quem e quantos são", argumentou Biden.

"Era altura de acabar uma guerra de há 20 anos", respondeu, quando questionado sobre como avalia o processo de saída do país, já depois de lembrar que o acordo de saída foi feito pelo seu antecessor, Donald Trump, em troca do fim dos ataques aos norte-americanos no país.

O ramo afegão do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) reivindicou o atentado que hoje fez dezenas de mortos e feridos junto ao aeroporto de Cabul, para além de outro junto a hotel nas imediações do aeroporto e ainda outro em Cabul.

Segundo o general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM), pelo menos 12 soldados norte-americanos morreram e 15 ficaram feridos no atentado que fez dezenas de vítimas, mas cujo total se desconhece ainda, variando o número de acordo com a fonte dos relatos.

A BBC, por exemplo, fala em 60 mortos e 140 feridos, citando um responsável do Ministério da Saúde do governo afegão.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

VÁRIOS MORTOS EM EXPLOSÕES NAS IMEDIAÇÕES DO AEROPORTO DE CABUL


Um ataque suicida matou, esta quinta-feira, pelo menos 27 pessoas, entre as quais militares americanos, nas imediações do aeroporto de Cabul, no Afeganistão. Há dezenas de feridos.

Poucas horas depois do aviso de ameaça terrorista emitido pelos EUA, Reino Unido e Austrália, duas explosões junto ao aeroporto de Cabul fizeram, pelo menos, 27 mortos, confirmou o Pentágono. Ainda assim, de acordo com as últimas informações da BBC, o número deverá ser bastante superior, chegando aos 60.

Os EUA já confirmaram que o atentado matou militares americanos. Num comunicado partilhado no Twitter pelo porta-voz do Departamento de Defesa norte-americano, John Kirby, o Pentágono descreve o ataque como "hediondo", endereçando condolências às famílias dos militares mortos em serviço.

O embaixador dos EUA em Cabul afirmou que quatro fuzileiros americanos morreram e três ficaram feridos numa das explosões, segundo o Washington Post.

A ONG italiana Emergency avançou, também no Twitter, que cerca de "60 pessoas feridas no ataque ao aeroporto" chegaram ao seu hospital, na capital afegã.

O ataque terá sido causado por um bombista suicida. A imprensa internacional dá ainda conta de que ocorreu minutos depois de os talibãs terem disparado contra um avião italiano que descolava de Cabul. Um dos portões de entrada do aeroporto (Abbey) foi atingido pela explosão. Trata-se de um dos portões que foram fechados após os avisos de ameaça terrorista.

Inicialmente foi avançada apenas uma explosão, mas o Ministério da Defesa da Turquia explicou que foram registadas duas, informação entretanto confirmada pelo Pentágono. A segunda ocorreu junto ao Baron Hotel, perto do portão Abbey.

O Ministério da Defesa confirmou que os quatro militares portugueses em Cabul estão bem.

Em declarações à RTP na quarta-feira, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, adiantou que os quatro militares estão a trabalhar "dentro do aeroporto", por não existirem condições para saírem do local, tendo como missão "ajudar" os indivíduos que constam nas listas prioritárias a "entrar dentro do aeroporto e a passar para os aviões".

"É uma missão de risco, com certeza que é, porque toda a situação é uma situação extremamente delicada e difícil. Os nossos militares estão preparados e treinados para isso, com todas as qualidades necessárias para desempenhar bem a sua missão", afirmou Gomes Cravinho na altura.

Talibãs "condenam veemente" o atentado

Numa publicação no Twitter, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, garantiu que o grupo "condena veementemente" o ataque no aeroporto de Cabul, "cuja segurança está nas mãos das forças americanas".

Mujahid frisou ainda que o Emirado Islâmico está a prestar "muita atenção à segurança e proteção do seu povo".

As primeiras fotografias após o atentado foram partilhadas nas redes sociais pelo jornalista Barzan Sadiq, que avançou logo que havia militares americanos entre as vítimas.

"Morreu-me nos braços. Tinha cinco anos"

Um intérprete afegão que trabalhou com as forças americanas testemunhou o caos causado pelas explosões junto ao aeroporto. Num cenário repleto de pessoas feridas, deitadas no chão, "Carl", nome utilizado pela CBS News, viu uma menina de cinco anos ferida, pegou nela ao colo e tentou salvá-la.

"Levei-a para o hospital mas morreu-me nos braços", lamentou. "Isto é de partir o coração. O que está a acontecer é de partir o coração, este país inteiro desintegrou-se", afirmou.

Esta quarta-feira à noite, EUA, Reino Unido e Austrália apelaram aos cidadãos para saírem do aeroporto de Cabul devido a "ameaças terroristas", quando milhares de pessoas continuam a tentar fugir do país.

Os três países emitiram avisos simultâneos. As pessoas que se encontram no aeroporto sobretudo "nas entradas leste e norte devem sair imediatamente", disse o Departamento de Estado norte-americano, citando "ameaças à segurança". A diplomacia australiana alertou para uma "ameaça muito elevada de ataque terrorista", enquanto Londres emitiu um aviso semelhante.

"Se estiver na área do aeroporto, deixe-o para um lugar seguro e aguarde instruções adicionais. Se for capaz de sair do Afeganistão em segurança por outros meios, faça-o imediatamente", indicou o Governo britânico.

EUA DEIXARAM NO AFEGANISTÃO 85 MM DE DÓLARES EM ARMAMENTO. AGORA É TUDO DOS TALIBÃS


São os homens das novas Forças Especiais dos talibãs, a unidade Badri 313, quem enverga os uniformes e armamento confiscados na queda de Cabul.
Os militantes também têm sido vistos a circular em Humvees e em veículos com proteção contra minas e emboscadas.
O efeito é, por enquanto, sobretudo psicológico. “Quando um grupo armado apanha armas norte-americanas, é uma espécie de símbolo de estatuto. É uma vitória psicológica”, analisa Elias Yousif, vice-diretor do Centro para a Monitorização Internacional de Políticas de Segurança.

A quantidade e qualidade de armamento deixado no Afeganistão pelos Estados Unidos transformam contudo os talibãs, considerados terroristas pelas Nações Unidas e pela maioria das potências mundiais, numa das forças militares mais bem equipadas da região.

“Devido à negligência desta Administração e à retirada do Afeganistão feita às pressas, deixaram equipamento no valor de 85 mil milhões de dólares nas mãos do nosso inimigo, os talibãs”, indigna-se Jim Banks, representante republicano no Congresso, um ex-oficial que em 2014 foi colocado no Afeganistão integrado na Marinha norte-americana enquanto responsável pelas Vendas Militares Externas.

E, se as armas são extremamente preocupantes, o representante do Indiana alerta que a tecnologia norte-americana deixada nas mãos dos talibãs será devastadora para os afegãos que trabalharam com as forças ocidentais.

“Têm óculos de visão noturna, armaduras corporais e, incrivelmente, os equipamentos biométricos que incluem as impressões digitais, impressões de retina e informação biográfica de todos os afegãos que nos ajudaram e estiveram ao nosso lado nos últimos 20 anos”, explicou.

Apesar do perigo, o Presidente Joe Biden não anunciou quaisquer planos para reaver as armas ou a tecnologia, acusou Banks.

"Se quaisquer destas armas ou este equipamento militar for utilizado para prejudicar, ferir ou matar um americano agora ou em qualquer momento no futuro, esse sangue estará nas mãos de Biden", rematou na sua entrevista à revista do Townhall, um grupo de notícias norte-americano conservador.

Um tesouro para o mercado negro

Nas últimas duas décadas, os Estados Unidos investiram cerca de 83 mil milhões de dólares no treino e equipamento das forças de segurança afegãs, de acordo com The Hill, o jornal do Congresso dos EUA.

A mesma publicação detalha que, “entre 2003 e 2016, foram transferidos 75.898 veículos terrestres, 599.690 armas, 162.643 equipamentos de comunicação, 208 aparelhos aéreos e 16.191 partes de equipamento de vigilância, informação e reconhecimento”, de acordo com um relatório do Gabinete de Contas da Administração.

“De 2017 a 2019, os Estados Unidos deram ainda às forças afegãs 7.035 metralhadoras, 4.702 Humvees, 20.040 granadas de mão, 2.520 bombas e 1.394 lançadores de morteiros, entre outro equipamento”, conforme um relatório de 2020 do SIGAR, acrescenta o The Hill. Onde pára tudo isto? Parte foi confiscada pelos talibãs, parte estará em parte incerta, levada por forças afegãs apostadas na resistência, outra ainda terá sido levado além fronteiras, ou desviada por senhores da guerra afegãos, por grupos armados ou por contrabandistas. Ninguém sabe ao certo.

E nem só equipamento norte-americano foi desviado.

O responsável pela agência de venda de armas russas já veio dizer que os talibãs capturaram mais de uma centena de helicópteros Mi-17 Hip de fabrico russo, comprados pelos norte-americanos para os afegãos por serem marginalmente mais simples de operar e manter do que os UH-60 Black Hawk.

A revelação foi feita por Alexander Mikheev, líder da exportadora estatal Rosoboronexport, à agência de notícias Interfax e indica uma estimativa consideravelmente superior ao inventário oficial.

Já há vídeos de combatentes talibãs a pilotar estes helicópteros, mas não surgiram ainda relatos de que tenham sido utilizados em combate. Mikheev acredita que muitos destes aparelhos não estejam operacionais por falta de manutenção.

Casa Branca desculpa-se

O republicano Jim Banks sublinhou à Townhall que a sua missão enquanto oficial de aquisições no Afeganistão "era ajudar na compra e venda de equipamento militar americano, entrega-lo aos afegãos e treina-los a utilizá-lo”. Sabe por isso precisamente o que ficou para trás e enumera-o. Uns “75.000 veículos, mais de 200 aviões e helicópteros, mais de 600.000 armas de pequeno porte e armamento ligeiro”.

Banks afirma que os talibãs estão agora na posse de “mais helicópteros Black Hawk do que 85 por cento dos países do mundo”.

Parte deles terá sido mesmo enviada já os talibãs haviam conquistado meio país.

Em plena retirada militar, os Estados Unidos divulgavam planos para enviar 35 helicópteros Black Hawk e mais três A-29 Super Tucano, o mais rápido e capaz avião de combate aéreo de proximidade da força aérea afegã, além das duas dezenas destes últimos aparelhos já fornecidas desde 2016 ao abrigo de protocolos da NATO. Em setembro de 2020, quando quatro A-29 foram recebidos pela força aérea do país, o então ministro da Defesa Asadullah Khalid, considerou-os uma “garantia do empenhamento da NATO com as Forças Afegãs”, um “bom exemplo da sua cooperação que irá continuar até à derrota do terrorismo no país e na região”.

Sabe-se que, até 30 de junho, as forças afegãs tinham 211 aparelhos aéreos entregues pelos Estados Unidos no seu inventário, conforme foi referido num relatório do inspetor-geral para a Reconstrução do Afeganistão, SIGAR.

Pelo menos 46 destes aparelhos estão agora no Uzbequistão, uma antiga república soviética vizinha do Afeganistão que mantém aliada próxima da Rússia, para onde mais de 500 tropas afegãs fugiram a bordo dos aviões, durante o colapso de Cabul.

Ninguém sabe bem quanto armamento foi confiscado pelos talibãs, mas a Administração Biden reconhece que será “uma quantidade considerável”.

Não temos um quadro completo, obviamente, para onde foi cada artigo dos materiais de defesa, mas certamente uma quantidade considerável dele caiu nas mãos dos talibãs”, reconheceu a conselheira da Casa Branca para a Segurança Nacional, Jake Sullivan, na passada terça-feira. “E obviamente, não pensamos que eles no-los vão entregar sem mais nem menos no aeroporto”, acrescentou.

A conselheira defendeu contudo a decisão de Joe Biden em deixar bem equipadas as forças afegãs. “Aqueles Black Hawk não foram dados aos talibãs. Foram dados às Forças Nacionais de Segurança Afegãs, para as tornar capazes de se defenderem, a pedido específico do Presidente Ashraf Ghani, que veio à Sala Oval pedir capacidade aérea adicional, entre outras coisas”, revelou.

Reconhecendo que Biden estava consciente dos riscos dos aviões poderem cair nas mãos dos talibãs, Sullivan sublinhou que o Presidente apostou na esperança deles serem usados ao serviço da defesa afegã. “Ele tinha de escolher. E escolheu”, referiu.

Decisão "deliberada"

O conselho do Pentágono poderá ter sido fulcral na decisão. John Kerby, assessor de imprensa das forças norte-americanas, reconheceu que a decisão de deixar para trás o equipamento em vez de o destruir ou transferir para outras bases no Médio Oriente foi “muito deliberada”.

A aposta, considerou por seu lado Elias Yousif, será que os talibãs poderão estar ansiosos de usar o armamento mais avançado, incluindo os aparelhos aéreos, mas não poderão mantê-lo operacional ou a voar no longo prazo, mesmo que conseguissem pilotos, devido à falta de peças e de manutenção.

“Os afegãos e os Estados Unidos levaram muito tempo a desenvolver uma capacidade aérea localmente e mesmo então, eles dependiam dos norte-americanos para manter estes aviões no céu”, referiu o analista.

A preocupação mais imediata, disse Yousif, é a quantidade imensa de armas de pequeno porte deixadas para trás. “São fáceis de manter, fáceis de aprender a manejar, fáceis de transportar”.

O problema com todas as armas pequenas é que são bens duráveis e podem ser transferidas, vendidas. Já assistimos a isto antes, quando uma guerra termina e as armas ali deixadas aparecem depois em todos os cantos do mundo”.

Republicanos exigem explicações e a cabeça de Biden

Não é só Jim Banks quem se indigna com o que muitos classificam de inépcia de Biden na retirada do Afeganistão.

Quarta-feira, mais de duas dezenas de senadores republicanos exigiram um “relatório completo” do equipamento militar entregue às forças afegãs nos últimos 12 meses, do que foi confiscado pelos talibãs e que planos existem para recapturar ou destruir o equipamento.

“Ao ver as imagens do Afeganistão à medida que os talibãs retomavam o país, ficamos horrorizados por ver equipamento norte-americano incluindo UH-60 Black Hawks nas mãos dos talibãs”, referiu a carta assinada por 25 senadores liderados por Marco Rubio e enviada ao secretário de Defesa, Lloyd Austin.

“É inconcebível que equipamento militar de alta-tecnologia pago pelos contribuintes norte-americanos tenha caído nas mãos dos talibãs e dos seus aliados terroristas”, acrescentava a missiva. “Garantir a segurança de bens norte-americanos devia ser uma das principais prioridades do Departamento de Defesa antes de anunciar a retirada do Afeganistão”.

O chefe do estado Maior das Forças Armadas dos EUA, o general Mark Miller, referiu que a prioridade atual é retirar civis norte-americanos e afegãos, enquanto declinava comprometer-se com futuras ações quanto ao armamento, apesar de afirmar “não querer ver o nosso equipamento nas mãos de quem age contra os nossos interesses”.

“Há múltiplas escolhas a ponderar, incluindo a destruição”, afirmou Miller, concluindo que a decisão “ainda não foi tomada”.

Garantias que não convencem todos. E há mesmo quem peça a renúncia de Biden, devido ao descalabro da retirada.

“Ele devia ser destituído”, afirmou a senadora republicana Lindsey Graham à Fox News na terça-feira.

“Isto foi um abandono do dever pelo comandante-em-chefe”.

Graham acusou o Presidente de ter assinado “uma sentença de morte para milhares de afegãos que nos ajudaram”.

“Lavou as mãos do Afeganistão e deixou-nos por nossa conta e risco enquanto nação”, acrescentou, prevendo um futuro negro em que ninguém irá confiar nem ajudar os Estados Unidos, sem que os radicais islâmicos tenham deixado de ser uma ameaça.

“Eles virão atrás de nós e Joe Biden deixou-nos de pés e mãos atados no Afeganistão”, indignou-se.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

TALIBÃS REJEITAM EXTENSÃO DO PRAZO DE EVACUAÇÃO E AMEAÇAM COM "REAÇÃO"


Um porta-voz dos talibãs afirmou, esta segunda-feira, que estender além do final de agosto os esforços dos países aliados para retirar pessoas do Afeganistão representa uma "linha vermelha" e provocaria "uma reação".

Shuail Shaheen falava à televisão britânica "Sky News", na véspera de uma reunião do G7 (grupo dos sete países mais ricos) presidida pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, para analisar a crise afegã e a possibilidade de alargar o prazo para evacuações.

"Isto é algo que se pode designar de linha vermelha. O Presidente [dos Estados Unidos, Joe] Biden anunciou este acordo de que a 31 de agosto retiraria todas as suas forças militares. Assim, se o estendem, isso significa que estão a estender a ocupação quando não há necessidade", disse o porta-voz dos talibãs. "Isso criará desconfiança entre nós. Se houver intenção de continuar a ocupação, isso vai provocar uma reação", acrescentou, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.

Shaheen referiu que muita gente procura sair do Afeganistão por razões "económicas" e não por medo dos talibãs. "Todos querem estabelecer-se em países ocidentais para ter uma vida próspera. Não se trata de medo", disse o porta-voz, classificando de "notícias falsas" as informações de que os talibãs estão a procurar afegãos que ajudaram as forças estrangeiras.

O Reino Unido já retirou do Afeganistão 5725 pessoas desde 13 de agosto, incluindo 3100 afegãos, indicou, esta segunda-feira o Ministério da Defesa. Boris Johnson deverá defender junto dos EUA uma extensão das operações de retirada em Cabul, durante a cimeira virtual do G7 dedicada ao Afeganistão na terça-feira, disse hoje o secretário de Estado das Forças Armadas britânico, James Heappey, à "Sky News".

Heappey sublinhou, porém, que a decisão não cabe apenas a Washington e que os talibãs também têm uma palavra a dizer sobre o tema. "Haverá uma conversa com os talibãs. Os talibãs terão a escolha entre procurar colaborar com a comunidade internacional e mostrar que desejam fazer parte do sistema internacional" ou "dizer que não há oportunidade de estender" a presença norte-americana, acrescentou.

Desde que os talibãs entraram em Cabul, há uma semana, milhares de pessoas reuniram-se perto do aeroporto internacional da capital para tentar sair do país antes de 31 de agosto, data fixada pelo governo dos Estados Unidos para a retirada final das suas forças no Afeganistão. Diante do caos da retirada e sob pressão dos aliados, Joe Biden indicou considerar manter os soldados no país além desse prazo, referindo haver "discussões em andamento" sobre o assunto.

domingo, 22 de agosto de 2021

EUA ALERTAM PARA AMEAÇA TERRORISTA NO AEROPORTO DE CABUL


O assessor para a Segurança Nacional do presidente dos Estados Unidos admitiu este domingo que a ameaça de ocorrer um ataque terrorista perpetrado pelo Estado Islâmico no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, "é real e persistente".

Numa entrevista ao canal de televisão CNN, citada pela Efe, Jake Sullivan afirmou que a prevenção de um ataque terrorista no aeroporto de Cabul "é uma das principais prioridades das tropas norte-americanas".

"Os nossos comandantes no terreno têm ao seu dispor várias opções, que se estão a utilizar, para defender o aeroporto de um potencial ataque terrorista. Estamos a trabalhar arduamente para poder isolar e determinar de onde poderia surgir um ataque", sublinhou o assessor para a Segurança Nacional de Joe Biden.

Milhares de pessoas têm-se juntado à entrada do Aeroporto Internacional Hamid Karzai de Cabul com o objetivo de embarcar num dos aviões e abandonar o país.

No sábado, a embaixada norte-americana em Cabul enviou uma mensagem aos seus cidadãos a aconselhar que estes evitem deslocar-se ao aeroporto a menos que sejam contactados por um funcionário norte-americano.

Entretanto, o Pentágono anunciou hoje que ordenou o recurso, com caráter de emergência, de 18 aviões comerciais dos Estados Unidos da América (EUA) para o transporte de afegãos retirados de Cabul.

Em causa estão três aeronaves das companhias American Airlines, Atlas Air, Delta Air Lines e Omni Air, duas da Hawaiian Airlines e quatro da United Airlines .

Também durante o dia de hoje sete civis afegãos morreram esmagados na multidão perto do aeroporto internacional de Cabul, no meio do caos dos que tentam fugir da tomada de poder pelos talibãs, revelaram forças militares britânicas.

O aeroporto tem sido o ponto de encontro de milhares de pessoas que tentam fugir aos talibãs, que invadiram Cabul há uma semana depois de um avanço relâmpago na tomada do país.

Os Estados Unidos retiraram cerca de 17 mil pessoas do país desde que a operação de resgate começou, em 14 de agosto, incluindo 2.500 cidadãos americanos, disse no sábado o subdiretor de logística do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, general Hank Taylor.

Nas últimas 24 horas, cerca de 3800 pessoas foram transportadas em 38 voos.

Os talibãs conquistaram Cabul no dia 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.

UE DEFENDE QUE "NÃO SE PODE DAR NEM UM EURO A QUEM NÃO RESPEITA DIREITOS DAS MULHERES"


Posição defendida por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

A presidente da Comissão Europeia defendeu este sábado que "não se pode dar um euro que seja de ajuda humanitária a regimes que negam às suas mulheres os seus direitos, liberdades e o acesso ao trabalho e aos estudos".

Em conferência de imprensa em Madrid, à margem da visita a um centro de acolhimento para os funcionários afegãos das instituições da União Europeia (UE), acompanhada pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, Ursula von der Leyen sublinhou que não há um reconhecimento político do novo regime afegão, admitindo, no entanto, contactos operacionais.

"Não há conversações políticas com os talibãs, não há reconhecimento dos talibãs, mas temos, claro, contactos operacionais com os talibãs, o que é algo completamente diferente", disse a responsável, precisando que estas conversas visam garantir o trânsito para o aeroporto das pessoas que querem sair do Afeganistão.

Na conferência de imprensa em Madrid, a responsável salientou que "os milhões de euros de fundos europeus para ajuda ao desenvolvimento estão condicionados ao respeito pelos direitos humanos, das minorias e das mulheres e meninas".

Ursula von der Leyen acrescentou: "Podemos ouvir os talibãs, mas vamos avaliá-los pelos seus atos; a situação é muito pouco clara".

O centro de acolhimento fica na base militar de Torrejon de Ardoz, perto de Madrid, e pode acolher mil pessoas.

Os talibãs conquistaram a capital do Afeganistão, Cabul, no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO do país.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.

Depois da tomada do poder, as forças talibãs proclamaram o Emirado Islâmico, em Cabul, tendo afirmado desde o princípio da semana que não procuram exercer atos de vingança contra os antigos inimigos e que estão dispostos à "reconciliação nacional".

Os talibãs já disseram que há "muitas diferenças" na forma de governar, em relação ao seu período anterior no poder, entre 1996 e 2001, quando impuseram uma interpretação da lei islâmica que impediu as mulheres de trabalhar ou estudar e que castigou criminosos de delito comum com punições severas como amputações ou execuções sumárias.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

VÍDEO: "SE O MUNDO ME ESTIVER A OUVIR, POR FAVOR, AJUDEM-NOS". JORNALISTA DIZ TER SIDO IMPEDIDA DE TRABALHAR POR TALIBÃS


Jornalista pediu ajuda num vídeo divulgado online.

Uma jornalista de televisão afegã denunciou ter sido proibida de trabalhar para o seu canal esta semana, após a tomada do poder pelos talibãs no Afeganistão, e pediu ajuda num vídeo divulgado 'online'.

"Aqueles que me escutam, se o mundo me estiver a ouvir, por favor, ajudem-nos, porque as nossas vidas estão em perigo", declarou no vídeo Shabnam Dawran, uma jornalista bastante conhecida, envergando um véu e mostrando o seu cartão profissional da empresa onde trabalha.

Depois de terem tomado o poder no domingo, após uma rápida campanha militar de dez dias, os talibãs afirmaram que respeitariam os direitos das mulheres, que elas seriam autorizadas a receber educação e a trabalhar e que a comunicação social seria independente e livre.

Um responsável talibã chegou mesmo a juntar a ação às palavras, sentando-se com uma mulher jornalista para uma entrevista frente-a-frente.

"NÃO ME DEIXARAM ENTRAR"

Mas Shabnam Dawran, que trabalha há seis anos para a televisão pública RTA, afirmou que não foi autorizada a ir trabalhar esta semana, ao contrário dos seus colegas masculinos.

"Não desisti após a mudança do sistema e fui para o meu escritório, mas infelizmente não me deixaram entrar, apesar de eu ter mostrado o meu cartão da empresa", prosseguiu no vídeo.

"Os funcionários masculinos com cartões da empresa foram autorizados a entrar no escritório, mas a mim, disseram-me que não podia continuar a exercer as minhas funções, porque o sistema mudou", acrescentou.

MULHERES E OS TALIBÃS

A comunidade internacional e muitos afegãos continuam extremamente céticos em relação às promessas de moderação dos talibãs.

Os afegãos, em particular as mulheres e as minorias religiosas, têm muito presente a memória do brutal regime fundamentalista que os talibãs instauraram quando estiveram no poder, entre 1996 e 2001.

Eles impuseram, então, uma versão radical da Sharia (lei islâmica), de acordo com a qual jogos, música, fotografia e televisão eram proibidos; as mãos eram cortadas aos ladrões, os assassinos eram executados em público e os homossexuais, mortos; as mulheres estavam proibidas de sair à rua sem um acompanhante do sexo masculino e de trabalhar e as meninas, de ir à escola; e as mulheres acusadas de adultério sendo também consideradas adúlteras as que tivessem sido violadas eram chicoteadas e apedrejadas até à morte.

Entre as pessoas que partilharam o vídeo, está Miraqa Popal, um chefe de redação da estação de informação afegã Tolo News.

"Os talibãs não autorizaram a minha antiga colega Shabnam Dawran a ir trabalhar hoje", escreveu ele na quarta-feira, numa mensagem na rede social Twitter partilhada milhares de vezes.

No dia anterior, Popal tinha publicado na sua conta do Twitter uma foto de uma apresentadora da Tolo News, com a legenda: "Retomámos as nossas transmissões com apresentadoras hoje".

terça-feira, 17 de agosto de 2021

BIDEN AMEAÇA TALIBÃS COM "FORÇA DEVASTADORA SE NECESSÁRIO"


O presidente dos EUA, Joe Biden, avisou esta segunda-feira os talibãs para não interferirem com o processo de evacuação organizado pelos EUA no Afeganistão, ameaçando com uma "força devastadora, se necessário".

A resposta a um ataque será "rápida e poderosa", afirmou Joe Biden num discurso na Casa Branca em que prometeu defender os cidadãos dos EUA com "força devastadora, se necessário".

O presidente admitiu na sua declaração que os EUA não esperavam que a situação se desenrolasse tão rapidamente no Afeganistão.

"A verdade é que isto se desenrolou mais rapidamente do que tínhamos previsto", sublinhou.

Porém, defendeu que "as tropas americanas não podem e não devem combater a guerra, e morrer numa guerra que as forças afegãs não estão dispostas a combater por si próprias".

"Demos-lhes todas as opções para determinar o seu próprio futuro", afirmou Joe Biden, acrescentando que "as forças dos EUA não podem, nem devem, combater uma guerra e morrer numa guerra em que as forças afegãs não têm a vontade de lutar por si próprias".

O presidente norte-americano salientou também que os adversários internacionais dos Estados Unidos, liderados pela China e Rússia, teriam "amado" que os americanos permanecessem atolados no Afeganistão.

Joe Biden "defendeu fortemente" a sua decisão de retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão, apesar da tomada do poder pelos talibãs em Cabul.

"Após 20 anos, aprendi relutantemente que nunca há uma boa altura para retirar as forças dos EUA", disse o Presidente dos EUA, num discurso à nação.

"A verdade é que tudo isto aconteceu mais depressa do que esperávamos", admitiu na sua declaração, feita na Casa Branca.

O presidente dos EUA, Joe Biden, avisou ainda os talibãs para não interferirem com o processo de evacuação organizado pelos EUA no Afeganistão, ameaçando com uma "força devastadora, se necessário".

Porque a resposta a um ataque será "rápida e poderosa", afirmou Joe Biden na declaração, em que prometeu defender os cidadãos dos EUA com "força devastadora, se necessário".

Depois de várias ofensivas iniciadas em maio deste ano, na sequência do anúncio dos Estados Unidos da retirada final dos seus militares do Afeganistão, os talibãs conquistaram no domingo a última das grandes cidades que ainda não estavam sob seu poder a capital, Cabul, tendo hoje declarado o fim da guerra no Afeganistão e a sua vitória.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, abandonou o país no domingo, quando os talibãs estavam às portas da capital, enquanto os líderes do movimento radical islâmico se apoderavam do palácio presidencial.

A entrada das forças talibãs em Cabul pôs fim a uma campanha militar de duas décadas liderada pelos Estados Unidos e apoiada pelos seus aliados, incluindo Portugal. As forças de segurança afegãs, treinadas pelos militares estrangeiros, colapsaram antes da entrada dos talibãs na cidade de Cabul.

Milhares de afegãos, em Cabul, tentam fugir do país e muitos dirigiram-se para o aeroporto internacional onde a situação é caótica.

A maioria dos países no Conselho de Segurança expressou hoje a sua profunda preocupação com a violação dos direitos humanos no Afeganistão e o medo de uma eventual ascensão do terrorismo no país com a subida dos talibãs ao poder.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, que foi o primeiro a falar na reunião de emergência do órgão máximo da ONU, expressou as preocupações partilhadas por grande parte da comunidade internacional.

"Temos de falar a uma só voz para defender os direitos humanos no Afeganistão", disse Guterres, acrescentando que estava preocupado, "em particular, com relatos de crescentes violações dos direitos humanos contra mulheres e raparigas no Afeganistão que temem um regresso aos dias mais negros".

O diplomata português também apelou à comunidade internacional para que evite que o terrorismo se enraíze novamente em território afegão e informou que "em grande medida" o pessoal das Nações Unidas presente no país bem como as suas instalações "têm sido respeitados".

"QUEM O AVISA" SAIBA ONDE VÃO ESTAR OS RADARES EM FEVEREIRO

QUEM O AVISA. FEVEREIRO - OPERAÇÕES DE CONTROLO DE VELOCIDADE - RADAR AVEIRO 04/fev/25   08h00   AVENIDA EUROPA . Aveiro 06/fev/25   08h00  ...