O bloqueio do sistema internacional de comunicações bancárias SWIFT a “certos” bancos russos, como retaliação à invasão da Ucrânia, foi este sábado acordado entre União Europeia, Estados Unidos da América e Reino Unido.
A medida foi anunciada em Bruxelas como parte de um novo pacote de sanções financeiras destinadas a “responsabilizar a Rússia e a garantir coletivamente que esta guerra seja um fracasso estratégico para Putin”.
“Com as forças russas a avançar com o seu assalto a Kiev e a outras cidades ucranianas, estamos determinados a continuar a impor custos à Rússia de forma a isolá-la ainda mais do sistema financeiro internacional e das nossas economias”, afirmou von der Leyen.
MAS AFINAL O QUE É O SISTEMA SWIFT?
O SWIFT – Sociedade Mundial de Telecomunicações Financeiras Interbancárias é o principal sistema de comunicação que os bancos utilizam a nível internacional para fazer transferências rápidas e seguras.
Esta é uma sociedade cooperativa internacional com sede na Bélgica. Foi fundada em 1973 por 239 bancos de 15 países com objetivo de criar um canal de comunicação para facilitar as transações bancárias transfronteiriças.
Hoje é considerado o principal mecanismo de financiamento do comércio internacional. Está em todo o mundo e é usado por mais de 11.000 bancos de cerca de 200 países e territórios. Diariamente, o sistema SWIFT movimenta muitos biliões de dólares.
QUE CONSEQUÊNCIAS TERÁ A SAÍDA DE “CERTOS” BANCOS RUSSOS DO SISTEMA SWIFT?
A medida aplicada fará com que os bancos russos abrangidos sejam excluídos do sistema financeiro internacional, o que vai afetar a capacidade de operarem a nível global.
Este bloqueio deverá enfraquecer a economia russa, porque sem este sistema os bancos vão ficar limitados nas operações.
Cortar vários bancos comerciais do sistema SWIFT pode afetar as exportações e importações russas e, em muitos casos, os bancos poderão só conseguir fazer transações internacionais com cheques, o que pode demorar semanas, atrasar negócios e até torná-los mais caros.
Os bancos visados por esta medida foram previamente “selecionados”, ou seja não será afetada a totalidade das instituições bancárias da Rússia.
Após anunciar estas medidas em Bruxelas, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que vai também pressionar os Estados-membros a “paralisar os ativos do Banco Central da Rússia” para que as suas transações sejam congeladas.
Conseguir a adesão da União Europeia para sancionar a Rússia através do SWIFT foi um processo difícil, já que o comércio da UE com a Rússia totalizou 80 mil milhões de euros, cerca de 10 vezes mais do que os Estados Unidos, que foram os primeiros proponentes de tais medidas.
EXISTEM CASOS IDÊNTICOS DE BLOQUEIO DO SISTEMA SWIFT?
No Irão, alguns bancos estiveram desligados deste sistema entre 2012 e 2016 na sequência de sanções relacionadas com o programa nuclear de Teerão.
No entanto, não existem muitos casos de condicionamentos por parte da Sociedade Mundial de Telecomunicações Financeiras Interbancárias.
Quando a Rússia invadiu a Crimeia, em 2014, o Reino Unido defendeu o bloqueio, mas foi negado.
ZELENSKY AGRADECE ACORDO ALCANÇADO
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu este domingo o acordo alcançado para bloquear o sistema internacional de comunicações bancárias SWIFT a alguns bancos russos.
Esta medida, que “garantirá que esses bancos sejam desconectados do sistema financeiro internacional”, como explicou a presidente da Comissão Europeia, representa uma “importante vitória” para a Ucrânia com um significado de “milhares de milhões em perdas para a Rússia”, afirmou Zelensky.
“Os nossos diplomatas lutaram 24 horas por dia para inspirar todos os países europeus a concordar com uma decisão muito forte e justa de bloquear a Rússia da rede interbancária internacional”, disse o Presidente ucraniano.
Os aliados anunciaram ainda o compromisso de tomarem medidas para travar os vistos gold e a formação esta semana de uma task-force transatlântica para garantir que essas e outras sanções à Rússia sejam implementadas de forma eficaz através de partilha de informações e congelamento de ativos russos.
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