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domingo, 3 de outubro de 2021

CAMIONAGEM, CONSTRUÇÃO CIVIL E RESTAURANTES. EMPRESAS NÃO ENCONTRAM TRABALHADORES



Razões são várias e nem todas estão ligadas à pandemia.

A falta de mão-de-obra afeta cada vez mais empresas portuguesas de vários setores. Os relatos são feitos por quem trabalha na área dos transportes de mercadorias, restauração e construção civil, ficando o alerta para um previsível aumento dos preços pagos pelos consumidores.
O fenómeno tem-se agravado em certos casos há anos e piorou com a Covid-19, mas noutros o problema surgiu apenas com a pandemia.

Viver num camião

No Reino Unido o Governo já teve de chamar os militares para abastecer as bombas de gasolina devido à falta de motoristas, mas em Portugal o problema está longe de ser tão grave.

O presidente do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) avisa, contudo, que a tendência é para que o problema se agrave. Anacleto Rodrigues explica que vamos ter problemas semelhantes "porque não há novos motoristas a entrar na profissão. Os que chegam são imigrantes que usam Portugal como ponto de passagem para ter documento para depois irem para o Norte da Europa onde as condições são mais atrativas e para onde muitos motoristas portugueses têm ido nos últimos anos".

O representante dos trabalhadores diz que a falta de motoristas está a ser disfarçada pelas empresas "matando de cansaço aqueles que estão ao serviço" e recrutando trabalhadores fora da União Europeia.

"Já tenho conta de Facebook há muito tempo e nunca vi tantas empresas a publicitar vagas. Todos os dias dezenas de empresas publicam vagas de emprego. Isso é indicativo, pois há pouco tempo o que as empresas diziam era que tinham muitos motoristas", refere.

"Viver num camião é viver em quatro metros quadrados. Esses trabalhadores estrangeiros que vêm é para viver neste espaço 24 sobre 24 horas e isso não é saudável mesmo emocionalmente e psicologicamente", diz o sindicalista, que acrescenta que a pandemia agravou o problema com as encomendas feitas pela Internet que obrigam a uma maior movimentação de camiões.

O maior problema da construção civil

O presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário também adianta que os inquéritos que têm feito aos empresários indicam que a falta de mão-de-obra é o maior problema atual do setor.

Reis Campos conta que têm estimativas que apontam para 70 mil trabalhadores em falta o que acaba por ter reflexos na capacidade de resposta do setor às obras públicas e na construção de casas, sendo "natural" um aumento de preços pois têm de pagar mais a quem está disponível para trabalhar.

O representante do setor da construção diz que o Governo tem de fazer alguma coisa, reclamando o reforço da formação profissional e que se aproveitem os trabalhadores inscritos nos centros de emprego, seja daqueles que vêm da área ou reconvertendo quem trabalhava noutros setores.

Reis Campos sublinha a fuga de muitos trabalhadores, nos últimos anos, para o estrangeiro e a falta de atratividade da construção civil para os jovens.

Trabalhadores da restauração mudaram de vida

Noutro setor com falta de mão-de-obra, o presidente da Associação Nacional de Restaurantes (PRO.VAR) explica que a alternativa que estão a encontrar são os trabalhadores imigrantes asiáticos e brasileiros, sobretudo, não apenas para empregados de mesa mas também para as cozinhas.

O fenómeno não é simples de explicar, mas Daniel Serra diz que por vezes encontram antigos trabalhadores e percebem que com a pandemia muitas pessoas que ficaram em casa perceberam aquilo que estavam a perder por trabalharem num setor que exige disponibilidade à noite ou ao fim de semana.

"Muitos habituaram-se a outra vivência. Procuraram outras atividades, mudando de vida", conclui Daniel Serra que destaca, em paralelo, que muitos também estão no subsídio de desemprego e preferem continuar nesse estado até que o subsídio termine em vez de regressarem ao trabalho na restauração.

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