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sábado, 3 de julho de 2021

CARDEAL BECCI JULGADO NO VATICANO POR ESCÂNDALO IMOBILIÁRIO EM LONDRES


O cardeal Angelo Becciu, destituído pelo Papa Francisco em setembro por diversos escândalos financeiros, será julgado, assim com outras nove pessoas, por crimes relacionados com a venda de um edifício em Londres, informou, este sábado, o Vaticano.

"O presidente do Tribunal do Vaticano ordenou a citação para o julgamento dos acusados no âmbito da matéria relacionada com os investimentos financeiros da Secretário de Estado em Londres. O julgamento terá início a 27 de julho", explica o Vaticano em comunicado de imprensa.

Relativamente ao cardeal Becciu, o Vaticano adianta que responderá "pelos delitos de peculato e abuso de poder também em regime de concorrência, bem como por suborno".

Angelo Becciu assegurou, este sábado, que é "vítima de uma cabala" e que anseia pelo julgamento para que "o tribunal possa ver a absoluta falsidade das acusações." "Sou vítima de uma conspiração deliberada contra mim e há muito tempo espero para saber das acusações, para que possa rapidamente negá-las e provar ao mundo a minha absoluta inocência", disse Becciu, em comunicado.

"Nestes longos meses tudo se inventou sobre mim, expondo-me a um pelourinho mediático ímpar ao qual não me entreguei, sofrendo em silêncio, também pelo respeito e proteção da Igreja, à qual dediquei toda a minha vida. Só considerando esta grande injustiça como um teste de fé, poderei encontrar forças para lutar esta batalha da verdade", acrescentou.

"Finalmente chegou o momento do esclarecimento, e o tribunal poderá ver a absoluta falsidade das acusações contra mim e as tramas sombrias que evidentemente os sustentaram e alimentaram", concluiu.

Angelo Becciu, prefeito da Congregação da Causa dos Santos, resignou ao cargo em setembro e aos seus direitos enquanto cardeal, depois de ter sido envolvido neste escândalo financeiro que envolve negócios imobiliários em Londres, no qual a sede da Igreja Católica perdeu milhões de euros em comissões pagas a intermediários.

Até 2018, o cardeal Becciu era o segundo mais alto funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, reportando diretamente a Bento XVI e, mais tarde, ao Papa Francisco. Em maio de 2018 o Papa Francisco nomeou o arcebispo italiano Angelo Becciu para prefeito da Congregação da Causa dos Santos, sucedendo ao cardeal Angelo Amato, no cargo desde 2008.

Além do cardeal e de outras nove pessoas, o tribunal do Vaticano ordenou ainda a citação para julgamento de quatro empresas.

Os arguidos são acusados dos crimes de abuso de poder, extorsão, branqueamento de capitais, fraude, falsa escritura pública e privada, violação do sigilo do cargo e peculato.

Em 2014, a Secretaria investiu cerca de 244 milhões de dólares como parceira de um acordo para comprar um edifício de luxo em Londres.

Uma investigação ao negócio, iniciada em julho de 2019 na sequência de uma denúncia do Instituto de Obras Religiosas e do Gabinete do Auditor Geral, levou à suspensão de cinco funcionários do Vaticano, quatro deles da Secretaria tendo o Vaticano acusado os intermediários de extorsão.

Segundo o Vaticano, as investigações foram realizadas em estreita colaboração com o Ministério Público de Roma e a Unidade de Polícia Económico-Financeira GICEF da Polícia Financeira de Roma, assim como com os procuradores de Milão, Bari, Trento, Cagliari e Sassari e respetivas secções da polícia judiciária.

"As atividades preliminares, também realizadas com comissões rogatórias em inúmeros outros países estrangeiros (Emirados Árabes Unidos, Grã-Bretanha, Jersey, Luxemburgo, Eslovénia, Suíça), permitiram trazer à tona uma vasta rede de relacionamentos com operadores do mercado financeiro que tem gerado perdas significativas para as finanças do Vaticano, depois de sacar também dos recursos destinados às obras de caridade pessoal do Santo Padre", adianta o Vaticano na nota de imprensa.

A iniciativa judicial está diretamente ligada às indicações e reformas do Papa Francisco para maior transparência e recuperação das finanças do Vaticano, uma obra que, segundo a acusação, foi contrariada por atividades especulativas ilegais e lesivas da reputação da instituição.

Em dezembro de 2020 e na sequência deste caso, o Papa Francisco assinou o 'motu proprio' (documento papal) no qual retirava ao Secretário de Estado a gestão de fundos, contas bancárias e investimentos imobiliários.

A partir de 1 de janeiro de 2021, esses fundos passaram a ser geridos pela Administração do Património da Sé Apostólica (APSA), um marco da reforma da Cúria que está a ser realizada para conseguir maior transparência nas finanças.

Com este 'motu proprio', Francisco reduziu o número de gestores económicos na Santa Sé e concentrou a administração, a gestão e as decisões económicas e financeiras nos dicastérios (ministérios) que têm essa tarefa.

1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

Ainda bem que a LEI é para todos. Nem Deus o impediu de entrar no mundo da falsificação9 e crime. Que Deus (Não) lhe perdoe.
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Feliz fim de semana … cumprimentos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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