O filho Edward Zuma referiu que o ex-presidente tem o direito de não acatar a decisão do Tribunal Constitucional, uma vez que "lutou pela libertação do país".
O filho do ex-presidente Jacob Zuma disse esta segunda-feira que a decisão da 'comissão de inquérito Zondo' em requerer a prisão do seu pai por não acatar uma decisão do Tribunal Constitucional, só acontecerá se os matarem "em primeiro lugar".
"Apoiamos a decisão do senhor Zuma e se o quiserem prender, então que o façam, mas estamos a avisar que vão ter que nos matar em primeiro lugar", declarou Edward Zuma, o filho do ex-presidente sul-africano e porta-voz da família.
Edward Zuma, que falava na residência do ex-presidente sul-africano na aldeia de Nkandla, província do KwaZulu-Natal, sublinhou que "a família está preparada para qualquer que seja a decisão do Tribunal Constitucional".
"Já esgotámos todas as opções. O senhor Zuma, e a família, são da opinião que a Justiça foi politizada e não tem capacidade para decidir independentemente, e nesse sentido ele não está preparado para cooperar", afirmou.
Edward Zuma referiu que o ex-presidente tem o direito de não acatar a decisão do Tribunal Constitucional, que o obrigou recentemente a comparecer perante a comissão de inquérito liderada pelo juiz Raymond Zondo, uma vez que "lutou pela libertação do país".
"O senhor Zuma lutou pela libertação deste país, está preparado para defender os direitos cívicos neste país, o seu exemplo é um exemplo para as novas gerações lutarem por aquilo em que acreditam, como movimento de libertação, se acreditamos nisto, devemos nos manter firmes. Cabe à sociedade julgar se é correto ou não", salientou.
"A transformação é um processo, não é um evento, temos de aceitar que como membros do Congresso Nacional Africano [ANC], cometemos erros na tentativa de alcançar a libertação que julgámos ter alcançado, mas que afinal não temos hoje, o que dá mais poder aos nossos opressores do que a nós", acrescentou.
Questionado sobre os "erros" do ANC, Edward Zuma explicou: "O fato de termos concordado, como povo negro, em não expropriar as nossas terras imediatamente quando fomos eleitos nas eleições em 1994, é o primeiro erro que cometemos".
"A batalha que o ex-presidente Zuma está a travar não é uma batalha de família, é sobre princípios e sobre a libertação dos negros. Se o Tribunal Constitucional decidir encarcerar o senhor Zuma, que assim seja, logo veremos quando isso acontecer, mas a nossa posição como família, é que vão ter de nos matar antes de o fazer", referiu.
Membros da Associação dos Antigos Combatentes Umkhonto we Sizwe (MKMVA, na sigla em inglês), o antigo braço armado do ANC, partido no poder na África do Sul, começaram hoje a acampar à porta da residência de Jacob Zuma, em Nkandla, no KwaZulu-Natal, para "defender" o ex-chefe de Estado sul-africano.
O porta-voz da associação de veteranos do ANC, Carl Niehaus, disse em Joanesburgo que "é o direito democrático dos membros do partido reunirem-se junto à residência de Zuma e mostrar o seu apoio".
"A provocação neste caso tem sido a pressão consistente pela prisão do presidente Zuma. Essa é a provocação, não é o fato de que apoiantes de Zuma estão a manifestar-se, afirmando 'agora chega, não podemos continuar a permitir esses ataques e ameaças consistentes contra o presidente Zuma'", referiu.
Carl Niehaus disse que a associação vai manter um contingente de cerca de 100 veteranos do antigo braço armado do ANC "24 horas por dia, sete dias por semana", com o apoio financeiro de "doadores" simpatizantes de Jacob Zuma.
A comissão de investigação da grande corrupção na África do Sul durante o mandato do ex-presidente Jacob Zuma vai pedir a prisão do antigo chefe de Estado por desrespeitar a Justiça, anunciou hoje o juiz Raymond Zondo.
O ex-presidente sul-africano Jacob Zuma, que tem evitado a comissão de inquérito, deveria comparecer hoje e até 19 de fevereiro, segundo Zondo.
Todavia, o ex-chefe de Estado sul-africano informou através de carta enviada hoje à comissão que não compareceria para depor devido a um pedido submetido à Justiça sul-africana a contestar a sua convocação.
No início do mês, Zuma afirmara que prefere ser preso do que cooperar com a comissão de inquérito enquanto esta for presidida por Raymond Zondo.
Em 28 de janeiro, o Tribunal Constitucional da África do Sul ordenou que Jacob Zuma testemunhasse perante a chamada 'comissão de inquérito Zondo'.
Zuma testemunhou apenas uma vez perante a comissão presidida por Zondo, em julho de 2019, mas retirou-se após algumas horas, considerando que estava a ser tratado como um "acusado" e não como uma testemunha.
Envolvido em escândalos, o antigo presidente (2009-2018) foi obrigado a demitir-se e foi substituído por Cyril Ramaphosa, que prometeu erradicar a corrupção no país.
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