A variante brasileira do coronavírus é uma das três que despertaram recentemente a atenção em todo o mundo, a par da britânica e da sul-africana.
Foram detetados dois casos da variante brasileira do novo coronavírus em Portugal. Os dois casos desta estirpe, que é altamente contagiosa, foram descobertos na região da Grande Lisboa e já foram comunicados às autoridades de saúde.
Os casos foram detetados em Portugal pela Unilabs, que já os comunicou à Direção-Geral de Saúde. Foram enviadas as amostras para o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que irá fazer o seguimento epidemiológico e laboratorial adequado.
Esta variante é considerada mais perigosa, sobretudo devido à maior capacidade de transmissão.
PORTA DE ENTRADA DA VARIANTE BRASILEIRA NA EUROPA
A Comissão Europeia disse estar a "acompanhar atentamente" as novas mutações do SARS-CoV-2 na União Europeia (UE), nomeadamente a originária do Brasil, e está em contacto com empresas farmacêuticas para garantir que as vacinas contra a covid-19 asseguram proteção.
"A Comissão, e em particular a Agência Europeia do Medicamento, estão a seguir atentamente as mutações e as novas estirpes [do novo coronavírus]", declarou o porta-voz da Comissão Europeia para a área da Saúde, Stefan De Keersmaecker, falando na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas.
As relações entre Portugal e o Brasil tornaram-se uma ameaça para os países europeus. Portugal passou a ser visto como uma possível porta de entrada desta nova variante brasileira para a Europa e, mesmo antes de ter sido confirmado qualquer caso, o Reino Unido decidiu cancelar todos os voos a partir de Portugal.
Devido à evolução da pandemia, Portugal optou por fechar também a via aérea com o Brasil. A suspensão dos voos de e para o Brasil, entrou em vigor no dia 29 de janeiro até 14 de fevereiro de 2021. Para justificar a medida, as autoridades disseram que o fecho das ligações aéreas com o Brasil foi causado pela evolução da pandemia, o aumento dos casos de infeção pelo novo coronavírus e à deteção de novas estirpes.
A variante brasileira foi identificada em Espanha a 5 de fevereiro, tendo sido detetado o primeiro caso em Madrid. Também esta terça-feira, tinha sido assinalada pela primeira vez na Suíça. No total, são já dez os países a nível mundial onde a estirpe já foi detetada.
ESTIRPE BRASILEIRA FOI IDENTIFICADA PELA PRIMEIRA VEZ NO JAPÃO
Identificada como P.1 ou 20J/501Y.V3, a variante brasileira foi detetada pela primeira vez no Japão, quando um homem na faixa dos 40 anos, uma mulher de cerca de 30 e dois adolescentes testaram positivos. A família chegava ao aeroporto internacional de Tóquio no dia 2 de janeiro, num voo proveniente do Brasil.
Uma vez que o vírus identificado era distinto das variantes já identificadas no Reino Unido e na África do Sul, o Ministério da Saúde nipónico informou as autoridades do Brasil e a Organização Mundial de Saúde.
A variante detetada tem "semelhanças com as estirpes" identificadas recentemente no Reino Unido e na África do Sul, "que são motivo de preocupação por serem mais contagiosas", no entanto o tipo de vírus em causa não parece ter sido identificado antes, explicou o NIID em comunicado.
Na altura, as autoridades brasileiras referiram, em comunicado, que, "segundo informações fornecidas ao Ministério da Saúde brasileiro pelas autoridades sanitárias japonesas, a nova variante possui 12 mutações, sendo que uma delas é a mesma encontrada em variantes já identificadas no Reino Unido e na África do Sul, o que implica um maior potencial de transmissão do vírus".
A 12 de janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o maior centro de investigação médica da América Latina, confirmou a identificação e circulação de uma nova estirpe do SARS-CoV-2 que é originária do estado brasileiro Amazonas.
Numa nota técnica divulgada no dia seguinte, o Fiocruz indica que as amostras analisadas nos japoneses acumulam um número "incomum" de alterações genéticas, além das verificadas na chamada proteína 'Spike' e que "se assemelham ao padrão observado" nas variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul.
"Se essas mutações conferirem alguma vantagem seletiva para a transmissibilidade viral, devemos esperar um aumento da frequência dessas linhagens virais no Brasil e no mundo nos próximos meses", pode ler-se no documento.
A existência desta nova variante pode ter estado na origem do aumento de casos na região de Manaus. No início do ano, os profissionais de saúde foram obrigados a escolher quais os doentes a ser internados e quais poderiam receber oxigénio, uma vez que o crescente número de novos casos colocou uma pressão enorme sobre os hospitais.
VARIANTES IDENTIFICADAS EM PORTUGAL
A primeira variante a chegar a Portugal foi a britânica e, até agora, já foram identificados mais de 120 mil casos, segundo avançaram os especialistas na reunião no Infarmed, esta terça-feira.
Os primeiros casos foram identificados na ilha da Madeira e, poucos dias depois, o Instituto Ricardo Jorge avançava a existência de pelo menos 16 pessoas infetadas por esta estirpe em Portugal continental. Com uma elevada taxa de transmissão, a variante chegou rapidamente a 28 concelhos distribuídos pelas regiões autónomas da Madeira, Açores e dez distritos do continente em cerca de 10 dias.
“A diversidade genética e dispersão geográfica desta variante é concordante com a ocorrência de múltiplas introduções independentes e aponta para a existência de transmissão comunitária, tendo estes resultados sido reportados às entidades de Saúde Pública para que sejam monitorizados potenciais contactos e cadeias de transmissão”, explicava o INSA na altura.
Já o primeiro caso da variante da África do Sul foi identificada a 7 de janeiro num homem de 36 anos, natural de África do Sul, residente em Lisboa. O segundo viria a ser identificado pouco tempo depois.
"Foram detetados, até à data, dois casos da variante associada à África do Sul, sendo que não se detetou nenhum caso desta variante na amostragem nacional do período de 10 a 19 de janeiro, o que sugere que a circulação desta variante é ainda limitada em Portugal", refere o último relatório de situação sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 do INSA, publicado esta segunda-feira no seu 'site'.
Ao mesmo tempo, o INSA avançava que já tinham sido encontrados casos de uma outra variante, também identificada no Brasil, que é responsável por casos de reinfeção. No período 10 a 19 de janeiro "não foi detetado nenhum caso associado à variante 501Y.V3 (P.1), primeiramente detetada no Brasil, em particular na região de Manaus (Amazónia), mas foram detetados cinco casos da variante P.2, também detetada inicialmente no Brasil e associada a casos de reinfeção".
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