Primeiro-ministro admite erros no combate à pandemia.
O primeiro-ministro, António Costa, centrou toda a mensagem de Natal na pandemia. Agradeceu a todos os portugueses pela capacidade de sacrifício. No entanto, deixou um agradecimento especial aos profissionais de saúde que "dia e noite" dão o seu melhor para tratar os doentes. Reconheceu também erros do Governo.
Num discurso ao país de quase nove minutos, António Costa começou por dizer que estamos a viver "o maior desafio das nossas vidas", referindo-se à pandemia, que afetou todo o mundo durante o ano de 2020, um "ano de combate, dor e resistência".
Aos portugueses, "um povo que soube manter-se coeso", dirigiu uma mensagem de gratidão, solidariedade e esperança pela "capacidade de adaptação e sacrifício", pela determinação, disciplina e responsabilidade cívica. Apelou também ao cumprimento das regras até "à extinção da pandemia" para salvarmos vidas, perante um "vírus inesperado e desconhecido".
Na mensagem em que desejou um Feliz Natal e um promissor ano de 2021, o primeiro-ministro disse estar grato aos que "prestam assistência a quem mais precisa", especificando os funcionários de lares e da segurança social, militares das forças armadas, elementos das forças de segurança, professores "que nunca abandonaram os alunos, mesmo quando as escolas tiveram de fechar", comunidade científica e a todos os trabalhadores do ramo da indústria, agricultura e comércio que, desde março, garantem que nada falta aos portugueses.
No entanto, António Costa quis expressar a sua gratidão de um "modo muito especial" aos profissionais de saúde que "dia a noite" dão o melhor para tratar os doentes. Como exemplo desse profissionalismo, destacou alguns com quem contactou. Foi o caso da Dra. Margarida Tavares, do Hospital de S. João, no Porto, que lhe explicou "com um brilho nos olhos", em março, os desafios do tratamento dos doentes infetados com covid-19, e da enfermeira Marisa Chainho, do serviço de infeciologia do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, que, sem ir a casa há várias noites, lhe falou da história dos primeiros doentes covid naquela unidade.
"São dois exemplos entre tantos, tantos outros, que diariamente constroem essa magnifica obra coletiva que é o Serviço Nacional de Saúde. A todos a minha, nossa, gratidão", afirmou o primeiro-ministro da mensagem de Natal.
António Costa expressou também solidariedade a todas as famílias enlutadas que perderam entes queridos por causa da pandemia, às famílias que têm familiares doentes ou em isolamento profilático, às famílias de emigrantes que não puderam vir a Portugal este ano. Deixou também um "abraço fraterno e caloroso" a todas as famílias "num Natal celebrado de forma diferente" a a todos os que sofrem as consequências económicas e sociais da pandemia.
"Tenho bem consciência da dureza de muitas das medidas que tivemos de tomar ao longo deste ano, limitando liberdades, proibindo atividades ou forçando o adiamento de projetos de vida para podermos defender a saúde pública, conter a transmissão do vírus, garantir a capacidade de resposta dos serviços de saúde e, fundamentalmente, para salvar vidas", realçou.
No entanto, acrescentou que tem também a consciência do "impacto profundo" na vida de todos: no convívio social que teve de ser abdicado, dos afetos que não foram manifestados e na economia, com empresários a lutarem pela sobrevivência das empresas e trabalhadores que perderam ou temem perder o emprego.
Na mensagem de Natal dirigida aos portugueses, o primeiro-ministro garantiu que o Governo tem procurado responder com equilíbrio e bom senso à novidade e ao imprevisto e admitiu erros.
"Não fizemos tudo bem, cometemos erros. Só não erra quem não faz", disse, acrescentando que "o que aconteceu no último ano, veio confirmar a necessidade de reforço do Serviço Nacional de Saúde.
Para finalizar, o primeiro-ministro quis deixar uma mensagem de esperança, com a aproximação de um novo ano e do início da vacinação contra a covid-19.
"Menos sendo faseado e prolongado, dá-nos renovada confiança de que é possível debelar a pandemia graças à ciência", disse.
António Costa disse ainda que, em 2021, Portugal vai contar com uma "solidariedade reforçada da União Europeia para apoiar o esforço nacional de iniciar uma "recuperação sustentada que permita superar as dificuldades que vivemos enfrentarmos os problemas estruturais" do país.
"Definimos uma visão estratégica para o futuro de Portugal e dispomos dos meios para a podermos concretizar, abrindo às novas gerações o horizonte de um país mais justo, próspero e moderno", acrescentou.
O primeiro-ministro assegurou também que "neste tempo tão duro e exigente" é uma honra poder estar "ao serviço de Portugal".
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