Ao 98.º dia de guerra, as tensões estão à flor da pele. O envio de mísseis guiados de precisão dos EUA para Kiev fizeram o Kremlin acusar Washington de "deitar lenha para a fogueira" e alertar que há risco que um "terceiro país" possa ser arrastado para o conflito. Em Severodonetsk, as tropas russas já controlam a maior parte da cidade, mas os ucranianos batem o pé e defendem "ferozmente" a sua pequena parte da cidade. Os pontos-chave desta quarta-feira:
O dia ficou marcado por um aumento de tensão entre a Rússia e a Ucrânia depois de os EUA terem concordado fornecer a Kiev mísseis guiados de precisão, que podem atingir alvos até 70 quilómetros. O Kremlin acusou os EUA de "deitar lenha para a fogueira" deliberadamente e disse que Washington quer "combater a Rússia até ao último ucraniano". O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou mesmo que o fornecimento de sistemas de mísseis avançados aumenta o risco de um "terceiro país" ser arrastado para o conflito. Por sua vez, tanto a Ucrânia como os EUA garantiram que Kiev não vai usar os mísseis para atacar alvos em território russo.
A Rússia controla atualmente cerca de 70% da cidade de Severodonetsk, de acordo com o governador da região de Lugansk, Sergei Gaidai. Já o chefe da administração da cidade, Oleksandr Stryuk, diz que as forças russas controlam 60% da cidade e a Ucrânia detém 20%, enquanto o resto se tornou "terra de ninguém". Os militares ucranianos estão a defender "ferozmente" a pequena parte da cidade, mas, segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, a situação está "muito difícil". Gaidai disse ainda que as tropas ucranianas estavam agora a fazer uma retirada tática para posições defensivas mais a oeste. Em relação ao ataque aéreo que atingiu, na terça-feira, uma fábrica de produtos químicos, Zelensky acusou Moscovo de "loucura" para atingir o objetivo de controlar a Severodonetsk.
A Rússia concluiu os testes do míssil de cruzeiro hipersónico "Zircon". O míssil foi disparado, na semana passada, da fragata Almirante Gorshkov no Mar de Barents contra um alvo nas águas árticas do Mar Branco.
Um dos negociadores russos nas reuniões com Kiev disse que os territórios ucranianos conquistados militarmente pela Rússia vão poder realizar referendos, já em julho, tendo em vista a sua anexação.
Cerca de 15 mil tropas russas morreram e 40 mil ficaram feridas desde o início da guerra na Ucrânia, segundo estimativas de fontes ocidentais. As forças russas estão a perder entre 60 e 100 soldados por dia na batalha no Donbass.
A Rússia diz que apenas Kiev e o Ocidente podem agir para permitir as exportações de cereais ucranianos e russos, bloqueados desde o início da invasão russa da Ucrânia e que aumentam o risco de uma crise alimentar global. Já o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu em Estocolmo uma "ações rápidas e decisivas" para garantir "um fluxo constante de alimentos e energia".
Cerca de 5,2 milhões de crianças ucranianas, incluindo 2,2 milhões que estão refugiadas noutros países, precisam urgentemente de ajuda humanitária devido ao conflito que forçou dois em cada três menores a deixarem as suas casas.
O Governo alemão anunciou que vai fornecer à Ucrânia mísseis antiaéreos modernos e sistemas de radar.
Os EUA saudaram o embargo às importações de petróleo russo alcançado no Conselho Europeu, lembrando que estas medidas ajudam a "impedir" um "ponto forte da máquina de guerra da Rússia". As exportações de gás russo caíram 27,6% entre janeiro e maio deste ano face ao mesmo período de 2021.
O Canadá puniu 21 russos, aliados do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e quatro instituições financeiras e entidades bancárias, numa nova onda de sanções em retaliação à invasão da Ucrânia.
A invasão da Ucrânia provocou novo máximo de quase 83 mil pedidos de asilo na União Europeia.