As autoridades luxemburguesas têm decretado nas últimas semanas casos diários de falências de empresas do setor da construção civil. Na passada semana, e num só dia, 15 empresas faliram, atirando uma média de 150 trabalhadores para o desemprego. Grande parte destas empresas que faliram têm patrões portugueses e são pequenas empresas "com até 25 trabalhadores". A revelação foi feita à Rádio Latina pela responsável do departamento de construção do sindicato LCGB, Liliana Bento.
"Num dia só foram 15. Na verdade não são grandes empresas, são nomeadamente empresas com até 25 trabalhadores, mas muitas com nove, dez, 12", confirmou a responsável sindical. São sobretudo companhias com problemas de gestão e que trabalhavam em subcontratação", explicou a sindicalista.
Uma das empresas com patrão português cujo caso a LCGB está a acompanhar é a IBRE S.A., mais conhecida no mercado como "Brita Construtions", com sede em Esch-sur-Alzette. Segundo Liliana Bento, 23 trabalhadores ficaram sem emprego e estão agora a ser auxiliados pela LCGB para reaver os salários em atraso e as indemnizações.
O setor da construção emprega atualmente 47.700 trabalhadores, sendo que entre 80% a 90% são lusófonos, refere Liliana Bento. Segundo os dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística luxemburguês (Statec) no final de abril, a construção foi um dos setores que mais contribuiu para o crescimento do emprego após o pico da crise pandémica, em 2020.
Até abril de 2021, a construção contratou mais 3,5% de trabalhadores do que no mesmo período do ano anterior. Por essa razão, a sindicalista prevê uma reinserção no mercado laboral rápida porque "há muita procura" de mão-de-obra.
Recorrer aos sindicatos ao primeiro sinal de dificuldade na empresa
Liliana Bento deixa um alerta aos trabalhadores, aconselhando um recurso aos sindicatos logo que os funcionários detetarem os primeiros sinais de dificuldades financeiras das empresas. "Bastando o primeiro atraso salarial", acrescenta.
A responsável do departamento de construção da LCGB lembra ainda que os trabalhadores "só podem recuperar os salários até seis meses" e que "o fundo de falência do Estado assegura até um teto máximo de 13.211 euros brutos".
Caso a declaração de dívida ultrapasse o montante máximo garantido pelo Estado, "é o trabalhador quem fica a perder, e muito", acrescenta. "Não se deixe arrastar a situação e quanto mais cedo for o contacto com os sindicatos, melhor", reitera.