O prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), foi transferido nesta segunda-feira, 3, para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, na capital, e teve de ser intubado após exames detectarem uma hemorragia na cárdia, um dos órgãos atingidos pelo câncer que o prefeito enfrenta desde novembro de 2019. Ele havia se licenciado por um período de um mês da Prefeitura no domingo, 2, para se dedicar ao tratamento. O vice-prefeito, Ricardo Nunes, assume o cargo. "Covas confia em mim", disse nesta segunda ao Estadão.
O sangramento de Covas foi detectado por uma endoscopia e está sendo tratado com “medidas de hemostasia local”, segundo boletim médico divulgado na manhã desta segunda. “O prefeito Bruno Covas foi encaminhado para Unidade de Terapia Intensiva submetendo-se a intubação oro-traqueal e recebendo as medidas adequadas de suporte clínico”, informa o texto.
Segundo o oncologista Tulio Pfiffer, que faz parte da equipe que acompanha o prefeito, o sangramento já está controlado. "Ele foi transferido para a UTI por zelo após a suspensão do sangramento e para ser avaliado de perto", disse. Segundo Pfiffer, o sangramento se deu no local da primeira lesão, ou seja, na cárdia, estrutura que funciona como uma válcula entre o estômago e o esôfago. O médico, no entanto, afirmou que o fato de o sangramento ter ocorrido no mesmo local do primeiro tumor "não significa necessariamente" nova piora da doença.
Ainda de acordo com a equipe médica, a intubação servirá para evitar que, no caso de nova hemorragia, o sangue siga para os pulmões, o que poderia comprometer ainda mais o quadro do prefeito.
Covas não relatou dor, ainda de acordo com Pfiffer. O prefeito está com anemia, o que, segundo o especialista, pode ter colaborado para o sangramento detectado nesta segunda. Enquanto esteve internado, na semana passada, Covas chegou a receber complementação alimentar intravenosa para auxiliar o processo alimentar regular, por via oral, para que ele ganhasse força.
Não há previsão, ainda de acordo com Pfiffer, para que o prefeito deixe a UTI.
Covas tinha a internação programada para este fim de semana para dar continuidade ao tratamento. O procedimento inclui uma combinação de quimioterapia e imunoterapia. Diante dos efeitos adversos do processo, no domingo o prefeito decidiu se licenciar em abril, ele ficou 12 dias internado no Sírio após descobrir uma evolução do câncer, que além de atingir ao menos cinco pontos do fígado, também se espalhou para ossos da bacia e da coluna. Um acúmulo de líquidos ao redor do pulmão e do abdômen, enfrentado com uso de um dreno, adiou sua alta, que havia ocorrido no dia 27.
‘Prefeito está preocupado, como nós também’, diz David Uip
Em entrevista à Rádio CBN, o infectologista David Uip, que também faz parte da equipe que atende o prefeito, disse que Covas “está preocupado” com a evolução do caso.
“O prefeito é sempre bem-humorado. Ele é um ser acima da média. Um lutador, um guerreiro. Elegante, gentil e bem-humorado. Mas obviamente, e eu o conheço desde menino, sei que ele está preocupado. Como nós também estamos muito preocupados”, afirmou o médico. Ao Estadão, Uip complementou: "Todo tumor que sangra preocupa."
O clima na Prefeitura é de tristeza. Apesar de considerado bastante fechado, Covas é querido entre os funcionários do gabinete, que acreditam na disposição do prefeito em vencer mais essa etapa da doença.
O vice-prefeito, Ricardo Nunes, estava em reunião quando soube da internação na UTI. Neste primeiro dia como prefeito em exercício, não há previsão de agendas externas. A previsão é de mais reuniões ao longo do dia com o chamado "núcleo duro" do governo, do qual fazem parte os secretários Rubens Rizek, de Governo, Alexandre Modonezi, das Subprefeituras e Ricardo Trípoli, da Casa Civil.