O novo presidente do Brasil, Lula da Silva, agradeceu, no primeiro discurso como chefe de Estado, o voto de confiança do povo brasileiro, realçando que a democracia "foi a grande vitoriosa" da eleição.
"Nesta dura campanha eleitoral, a democracia saiu vitoriosa", frisou, lamentando a "campanha de ódio abjeta" contra si "para manipular" os cidadãos.
Lula agradeceu ainda ao Supremo Tribunal Eleitoral "por fazer prevalecer a verdade à violência", deixando críticas à Presidência anterior, que acusa de querer levar a cabo "um projeto autoritário".
No primeiro discurso como 39.º presidente brasileiro, numa cerimónia no Congresso Nacional, em Brasília, criticou ainda os que quiseram colocar "os interesses de acionistas privados" acima do interesse público, comprometendo-se a "fazer o Brasil de todos para todos".
"Prometo manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis e promover o bem geral do povo, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil", afirmou.
Emocionado, o líder brasileiro falou sobre o regresso do flagelo da fome no país e disse que fará um Governo focado na reconstrução das estruturas governamentais que considera terem sido destruídas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Se estamos aqui é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos. Foi a democracia a grande vitoriosa, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu, as mais violentas ameaças à liberdade do voto", disse.
A "nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta nação levantou vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício que vamos dirigir todos os nossos esforços", acrescentou.
Um Brasil "em ruínas"
Lula da Silva disse ainda ter recebido um diagnóstico assustado por parte do gabinete de transição.
"Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública", notou.
"É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de, junto com o povo brasileiro, reconstruir o país e fazer novamente um Brasil de todos e para todos", concluiu.
A sessão solene de posse começou com uma breve intervenção do presidente do Senado, que homenageou o futebolista Pelé e o papa Bento XVI, recentemente falecidos, pedindo um minuto de silêncio.
Seguiu-se o hino nacional e, de seguida, Lula da Silva confirmou o Compromisso Constitucional e assinou o termo de posse juntamente com o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Na assinatura, Lula da Silva quebrou o protocolo e explicou publicamente que utilizou uma caneta que lhe fora oferecida por um apoiante do pequeno estado do Piauí, em 1989 (primeiras eleições democráticas pós-ditadura), e recordou que, na sua primeira cerimónia de posse (em 2003), utilizou uma outra caneta do então senador Ramez Tebet, pai de Simone Tebet, sua atual ministra e antiga adversária nas eleições de outubro deste ano.
Antes de fazer o juramento, Lula da Silva foi recebido por autoridades e políticos, tendo sido cumprimentado pela ex-presidente Dilma Rousseff e autoridades estrangeiras como o Presidente da Argentina, Alberto Fernández, o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, e outros líderes estrangeiros presentes no local.
Os milhares de apoiantes de Lula presentes no "Festival do Futuro", ao verem no ecrã gigante Lula a abraçar Dilma Rousseff gritaram: "Dilma passa a faixa".
Uma provocação a Jair Bolsonaro que foi para os Estados Unidos e assim não vai fazer a tradicional passagem de faixa ao novo presidente.
Após fazer juramento no Congresso, os presentes no Congresso brasileiro cantaram "Ole, ole, ole, ole, Lula, Lula", em homenagem ao líder progressista.
Os organizadores estimaram que pelo menos 300 mil pessoas estão em Brasília para a posse do líder progressista numa sequência de eventos que conta também com um festival de música além dos ritos tradicionais da posse presidencial.
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