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segunda-feira, 11 de outubro de 2021

CRIMES E SEGREDOS NORTE-COREANOS REVELADOS POR EX-MILITAR A VIVER EM SEUL


Desde 2014 a viver na Coreia do Sul, Kim Kuk-song, nome fictício, um antigo oficial ao serviço da Coreia do Norte desvendou alguns dos crimes e segredos do regime ditatorial liderado por Kim Jong-un.

Kim Kuk-song (nome fictício) trabalhou durante 30 anos em poderosas agências de espionagem da Coreia do Norte. Por isso, conhece, como ninguém, as dinâmicas do regime ditatorial do país. Numa entrevista exclusiva à BBC, ex-coronel decidiu contar a sua história, onde falou dos assassinatos que coordenou a mando do Líder e ainda de um laboratório de drogas ilegais crucial para alimentar financeiramente o regime.

O leal servo comunista

Em 2009, a Coreia do Norte formou uma nova agência de espionagem. Nesse mesmo ano foi criada uma "task force" de terror para matar um antigo oficial norte-coreano que tinha desertado para o Sul. "Eu pessoalmente dirigi e realizei o trabalho", revelou à BBC.

Hwang Jang-yop era um dos funcionários mais poderosos do país e a sua deserção para o Seul, em 1997, nunca foi perdoada. Mas a tentativa de assassinato correu mal e até hoje dois elementos do exército norte-coreano continuam a cumprir pena de prisão em Seul por conspiração. Pyongyang negou sempre o seu envolvimento neste ataque e alegou que a Coreia do Sul tinha encenado a tentativa.

Mas o testemunho de Kim sugere o contrário. "Na Coreia do Norte, o terrorismo é um instrumento político".

Um ano mais tarde, em 2010, um navio da marinha sul-coreana, o Cheonan, afundou-se depois de ter sido atingido por um torpedo. 46 pessoas morreram e Pyongyang negou ter qualquer responsabilidade no caso. Em novembro desse mesmo ano, artilharia norte-coreana atingiu a ilha sul-coreana de Yeongpyeong e dois soldados e dois civis foram mortos. Apesar de não ter estado diretamente envolvido nos ataques, o antigo coronel garante que a Coreia do Norte foi a responsável por aquelas mortes.

"Na Coreia do Norte, mesmo a construção de uma estrada não pode ser feita sem a aprovação direta do Líder Supremo. O afundamento do Cheonan e o bombardeamento da Ilha Yeongpyeong não são uma coisa que possa ser levada a cabo por subordinados. Este tipo de trabalho acontece sob ordens especiais de Kim Jong-un", revelou, à BBC.

Uma das tarefas de Kim Kuk-song era desenvolver estratégias de espionagem para lidar com a Coreia do Sul. "Há muitos casos em que orientei espiões enviados à Coreia do Sul para realizarem missões. Muitos casos", revela.

"No início da década de 90 houve um caso em que um agente norte-coreano foi enviado e trabalhou no Gabinete Presidencial na Coreia do Sul e regressou à Coreia do Norte em segurança. Depois de trabalhar para a Casa Azul (Gabinete Presidencial da Coreia do Sul) durante cinco a seis anos, regressou e trabalhou para o regime norte-coreano", admitiu Kim Kuk-song.

O desertor fez ainda outra revelação intrigante. "Posso dizer-vos que os agentes norte-coreanos estão a desempenhar um papel ativo em várias organizações da sociedade civil, bem como em instituições importantes na Coreia do Sul", revelou à BBC.

Apesar de ser difícil confirmar a veracidade destas declarações, a NK News, um site americano que fornece notícias e análises sobre a Coreia do Norte, revela que, desde 2017, a quantidade de pessoas presas na Coreia do Sul por espionagem diminuiu consideravelmente, à medida que o Norte se volta para novas tecnologias.

Segundo Kim Kuk-song, o anterior líder norte-coreano, Kim Jong-il, ordenou a formação de novo pessoal nos anos 80 "para se preparar para a guerra cibernética". Pyongyang criou, então, um exército de seis mil hackers qualificados. Acredita-se que o Grupo Lazarus, norte-coreano, é responsável por vários ciberataques em todo o Mundo.

As fontes de rendimento do regime

"Todo o dinheiro na Coreia do Norte pertence ao líder norte-coreano", afirma o desertor. "Com esse dinheiro, ele constrói vilas, compra carros, comida, arranja roupa e desfruta de luxos". Quando estava no Departamento de Operações, Kim Kuk-song recebeu ordens para angariar "fundos revolucionários" para o Líder Supremo, o que significava, na prática, tráfico de drogas.

A Coreia do Norte é suspeita também de produzir droga, sobretudo heroína e ópio, e essa é uma das suas maiores fontes de rendimento. A venda de ilegal de armas ao Irão também é um importante contributo para as receitas do regime.

O país norte-coreano tem continuado a promover o desenvolvimento de armas de destruição maciça e a sua tecnologia está a tornar-se cada vez mais sofisticada.

De acordo com o ex-oficial norte-coreano, Pyongyang também vendeu armas e tecnologia a outros países. Nos últimos anos, as Nações Unidas têm acusado a Coreia do Norte de fornecer armas à Síria, Myanmar, Líbia e Sudão.

Da vida privilegiada à fuga para Seul

Ao longo da sua vida em Pyongyang, Kim Kuk-song teve várias regalias. Conduzia um Mercedes-Benz e podia viajar livremente para o estrangeiro, luxos vedados ao cidadão comum.

As poderosas ligações políticas que Kim conseguiu através do casamento permitiram-lhe que fizesse parte de diferentes agências de inteligência. Mas foram essas mesmas ligações que também o colocaram em perigo.

Depois da ascensão de Kim Jong-un ao poder, em 2011, alguns elementos que faziam parte das altas patentes do regime começaram a ser tratados como uma ameaça. Por temer pela própria vida, Kim elaborou um plano de fuga em 2014 para a Coreia do Sul.

"Abandonar o meu país e fugir para a Coreia do Sul, que na altura para mim era uma terra estrangeira, foi a decisão mais difícil que tive de tomar", confessou.

Existem mais de 30 mil desertores na Coreia do Sul e apenas alguns decidem falar com os meios de comunicação social, por medo de represálias.

Apesar de a BBC não ter conseguido verificar a totalidade das alegações de Kim Kuk-song, os jornalistas conseguiram confirmar a sua identidade.

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