s inundações "sem precedentes" que devastaram uma parte da Bélgica desde quarta-feira fizeram pelo menos 20 mortos, e um dia de luto nacional será cumprido na terça-feira, 20 de julho, anunciou esta sexta-feira o governo belga.
Pelo menos 20 pessoas morreram e outras 20 estão dadas como desaparecidas, segundo um balanço provisório fornecido pela ministra do Interior belga, Annelies Verlinden.
O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, disse temer que o balanço do número de vítimas se agrave ainda. "Em muitos locais, a situação continua extremamente crítica", declarou o dirigente liberal flamengo, em conferência de imprensa.
"Aguardamos ainda o balanço definitivo, mas pode dar-se o caso de estas inundações serem as mais catastróficas que o nosso país já viveu", declarou.
"Trata-se de circunstâncias excecionais, sem qualquer precedente no nosso país", acrescentou, saudando a mobilização de países vizinhos para ajudar as equipas de socorro belgas.
A província de Liège, no leste do país, é a mais afetada pelas cheias e concentra a maior parte das operações de socorro. Só os municípios de Verviers e Pepinster registaram pelo menos uma dezena de mortos.
Na próxima terça-feira, todo o país será convidado a respeitar um dia de luto nacional, acrescentou o primeiro-ministro à imprensa, em Bruxelas.
As bandeiras estarão a meia-haste em todo o reino e será cumprido um minuto de silêncio ao meio-dia, precisou.
126 mortos na Europa Central
Na Europa, o balanço do mau tempo atingiu pelo menos 126 mortos, a maioria dos quais na Alemanha, onde muitas pessoas continuam desaparecidas, fazendo temer uma tragédia ainda mais grave.
Até ao momento, pelo menos 103 pessoas morreram na Alemanha na sequência das fortes chuvadas e inundações que estão a assolar parte da Europa Central.
O balanço de vítimas, contudo, pode vir a aumentar depois de um número indeterminado de pessoas ter morrido ou desaparecido na Alemanha após um grande deslizamento de terras, que derrubou vários edifícios numa localidade próxima de Colónia, indicaram fontes locais.
Na localidade de Erfstadt-Blessem, "as casas cederam à força das águas e vários edifícios desmoronaram-se e acabaram por afundar-se nas águas", lê-se numa declaração publicada na rede social Twitter da organização das comunas de Colónia.
Um porta-voz da organização, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP) confirmou a existência de "vários mortos".
A imprensa local, que cita vários membros da comunidade de Erfstadt-Blessem, adianta, por outro lado, as chuvas diluvianas que estão a assolar o oeste da Alemanha originaram autênticos rios, provocando grandes inundações.
Naquela localidade, apesar de as autoridades locais terem dado o alerta para possíveis inundações, grande parte da população permaneceu nas recetivas casas.
Com mais este incidente, o número de vítimas mortais devido às fortes chuvas vai subir, depois de, hoje de manhã, as autoridades locais terem dado conta de que pelo menos 103 pessoas morreram na sequência da intempérie que assola há vários dias parte da Alemanha.
Por outro lado, falta contabilizar também o número total de pessoas desaparecidas.
"Receio que só veremos a extensão total da catástrofe nos próximos dias", avisara já a chanceler, Angela Merkel, na quinta-feira à noite, em Washington, onde cumpre uma visita oficial.
Mais de 21 000 pessoas sem eletricidade
A Valónia, região francófona no sul da Bélgica, tem sido particularmente afetada e continua, em parte, em estado de alerta de inundações.
O exército belga já disponibilizou helicópteros para socorrer as pessoas que se encontram em telhados na região de Pepinster (na província de Liège), estando a apoiar as equipas de busca e salvamento dos bombeiros e das forças da ordem.
Mais de 21 000 pessoas estão provadas de eletricidade na região, depois de, segundo a empresa que gere as redes de distribuição de eletricidade de gás na Valónia, a água ter inundado cerca de 300 postos de distribuição.
Na Suíça, as autoridades locais continuam em alerta máximo nas zonas que circundam os lagos de Biena, Thun e Quatro Cantões, que transbordaram várias vezes nos últimos dias, receando novas inundações face às persistentes chuvas registadas no último mês e meio.
O Presidente suíço, Guy Parmelin, visitou quinta-feira a cidade de Lucerna (nas margens do lago dos Quatro Cantões) e Biena para constatar, no terreno, a situação das inundações que deixaram submersas dezenas de residências, na maioria vivendas, sem que, porém, tenham sido registadas quaisquer vítimas mortais.
Segundo o centro hidrográfico suíço, os maiores lagos do país, como os de Constança (na fronteira com a Alemanha) e de Leman (junto a França), apresentam um "risco moderado" de cheias, havendo, porém, várias estradas de acesso cortadas ao trânsito.
Cerca de mil soldados alemães mobilizados
Em toda a parte da Europa central afetada, espera-se que continue a chover, com o nível do rio alemão Reno e de vários dos seus afluentes a subir perigosamente.
Cerca de mil soldados alemães foram mobilizados para ajudar nas operações de resgate e limpeza das cidades e aldeias, que oferecem todos o mesmo espetáculo desolador: ruas e casas debaixo de água, carros virados, árvores arrancadas.
Em Ahrweiler, várias casas desmoronaram-se literalmente. Debaixo dos escombros, a cidade parece ter sido atingida por um tsunami, descreve um jornalista da AFP.
Euskirchen, um pouco mais a norte, é provavelmente uma das cidades mais afetadas, com pelo menos 20 mortes registadas. O centro da cidade parece um campo de ruínas, com as fachadas das casas literalmente arrancadas pelas cheias.
Além disso, uma barragem próxima está em risco de uma rotura.
Bélgica pede ajuda devido a mau tempo e UE ativa Mecanismo de Proteção Civil
A Bélgica pediu ajuda aos seus parceiros da União Europeia (UE) através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, após fortes tempestades e inundações, disse hoje a Comissão Europeia, que aguarda um pedido da Alemanha.
Em resposta ao pedido das autoridades belgas, três países ofereceram já apoio, tendo a França enviado já barcos e helicópteros e estando já equipas a trabalhar no terreno.
"A UE está pronta a oferecer toda a ajuda necessária aos países afetados pelas intempéries", disse o porta-voz da Comissão Europeia, Stefan De Keersmaecker, acrescentando que, para isso, basta apenas que Berlim ative o mecanismo, a exemplo do que já fez a Bélgica.
A Áustria também disponibilizou barcos à Bélgica e a Itália avançou com uma equipa de salvamento, barcos e helicópteros, para ajudar nas buscas e resgate nas zonas inundadas.
"Estão a ser estudadas ofertas de outros Estados-membros para ver se podem juntar-se às equipas que estão já na Bélgica", disse De Keersmaecker.
Na Alemanha, o Presidente Frank-Walter Steinmeier apelou à "unidade nacional" e à solidariedade para com os afetados pelas inundações devastadoras no oeste do país, com pelo menos 103 mortos, enquanto prosseguem as buscas por centenas de pessoas desaparecidas.
"As águas estão a regredir e isso mostrará a verdadeira dimensão da tragédia", disse Steinmeier, numa declaração institucional.
Países Baixos vão retirar 10 700 residentes de cidades próximas do rio Meuse
Pelo menos 10 700 pessoas vão ser retiradas esta sexta-feira na cidade de Venlo e arredores, na província holandesa de Limburg, como medida de precaução devido aos elevados níveis de água atingidos pelo rio Meuse.
As áreas a serem evacuadas são as mais baixas ao longo do rio, como é o caso da cidade de Arcen, que vai ficar completamente vazia porque toda a população será retirada.
Um hospital de Venlo também está a ser evacuado, incluindo os 200 pacientes que estão nas urgências, dos quais 40 encontram-se debilitados, e todos os pacientes vão ser transferidos para outros hospitais da região.
IJsbrand Schouten, da direção do hospital, frisou que a possibilidade de desabamento do centro hospitalar é "relativamente baixa", mas destacou ser "um risco que não pode ser corrido" e destacou que todo o hospital deve ser totalmente evacuado antes das 03:00 locais (02:00 em Lisboa), horário em que o Meuse deve atingir o pico.
Por outro lado, o dique de Meerssen, cidade próxima à fronteira holandesa com a Bélgica, está a ser reforçado pelo Exército com sacos de areia, depois de parte da estrutura ter desabado esta manhã, mas a água continua a entrar pela rutura, ameaçando cidades próximas.
As corporações de bombeiros de 13 regiões de segurança mudaram-se para Limburg para ajudar os colegas, fornecendo bombas de água e máquinas para levar sacos de areia, enquanto as diferentes entidades de água enviam inspetores para os diques da província.
Em mensagem de alerta na rede social Twitter, o comité de segurança de Limburgo garantiu também que o alto nível de água do rio Meuse, a passagem por Roermond e Venlo no norte da província é esperada mais cedo do que o previsto, entre a tarde de hoje e a manhã de sábado.
Além disso, os habitantes de várias aldeias foram incentivados a deixarem as casas o mais rápido possível à procura de porto seguro, "o mais tardar, antes do pôr do sol", porque essas populações podem ficar inacessíveis aos serviços de emergência se o nível do rio aumentar.
"Se decidir ficar em casa, está por sua própria conta e risco", alertou a presidente da Câmara de Bergen, Manon Pelzer.
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