O pedido de licenciamento para a requalificação do Mercado do Bom Sucesso, que prevê a instalação de um 'Continente Bom Dia' e de um total de 26 bancas e 40 lojas e restaurantes, já foi deferido pela Câmara do Porto, revelou esta sexta-feira o promotor.
"Foi submetido à CMP [Câmara do Porto] um licenciamento para a requalificação do MBS [Mercado do Bom Sucesso] o qual já se encontra deferido", revela Marco Massano, diretor do Mercado do Bom Sucesso, em resposta esta sexta-feira à Lusa.
O projeto, que mantém a praça da alimentação e a venda de frescos no edifício, está a ser desenvolvido e executado em articulação e diálogo com a autarquia, proprietária do edifício, e a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) em cumprimento do caderno de encargos e demais condicionantes em vigor, refere o responsável.
Dado o Mercado do Bom Sucesso estar classificado como Monumento de Interesse Público (MIP) desde janeiro de 2011, qualquer alteração infraestrutural está sujeita a parecer prévio da DRCN, que em resposta hoje à Lusa indicou ter emitido parecer favorável aos dois pedidos recebidos, um do Mercado Urbano - Gestão Imobiliária, SA e um outro do Modelo Continente Hipermercados, S. A.
Em dezembro de 2019, a Mota-Engil, que detinha a concessão do Mercado do Bom Sucesso, anunciou que ia deixar de gerir a estrutura, passando para as mãos de uma parceria entre a Mercado Prime, estrutura empresarial pertencente ao Grupo Amorim, e a Sonae Sierra.
A autorização da transmissão da totalidade do capital social foi aprovada em dezembro, com a abstenção do PS e voto contra da CDU, tendo, à data, o presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, deixado a garantia de que existem, no caderno de encargos, "salvaguardas suficientes" para impedir que o Mercado do Bom Sucesso venha a ser transformado num supermercado, como avançou na mesma altura o Jornal de Notícias.
As bancas terão uma imagem adaptada ao novo conceito do local. No total serão 26 bancas, 40 lojas e restaurantes (exteriores e interiores), servidos por uma 'seating área'.
Marco Massano refere ainda, em resposta à Lusa, que vai existir uma unidade Continente Bom Dia, tendo como principal objetivo um conceito orientado para a comunidade local e mantendo as funções mais tradicionais do Mercado do Bom Sucesso, com uma oferta de frescos e de outros produtos de conveniência.
Esta unidade está em conformidade com o caderno de encargos, ocupando um espaço que estava vago há mais de um ano, acrescenta o responsável.
Em resposta hoje à Lusa, a DRCN refere ainda que o projeto submetido para análise "pretende promover algumas alterações exclusivamente interiores, no espaço destinado a comércio e restauração atualmente existente na nave do edifício do Mercado do Bom Sucesso."
"É proposta [do requerente - Mercado Urbano - Gestão Imobiliária, SA] a introdução de portas corta-vento nas entradas nascente e poente, a alteração das frentes de loja, a instalação de uma escada rolante entre o r/c e a galeria superior, uma nova ligação a partir da garagem e a alteração do acesso à área ocupada pela Fundação Manuel António da Mota", acrescenta.
É também proposta a remodelação dos quiosques amovíveis existentes e a colocação de um palco, igualmente amovível, no eixo entre as entradas nascente e poente do edifício.
"Tendo em conta que a intervenção interior proposta não produz alterações significativas no caráter espacial e na identidade formal do edifício, não agravando o impacto da sua anterior transformação, este pedido mereceu parecer favorável por parte da DRCN e DGPC [Direção-Geral do Património Cultural], com data de 02.12.2020", indica aquela entidade.
O projeto do novo concessionário pretende ainda promover a remodelação do espaço das frações ainda ocupadas com um pequeno mercado de alimentação e a criação de um acesso direto do exterior, a partir da Praça do Bom Sucesso, através de uma das lojas de rua que é integrada na área interior a intervir, introduzindo degraus e demolindo a laje do mezanino existente.
Alterações que mereceram parecer favorável por parte da DRCN e DGPC em 8 de fevereiro.
A Lusa tentou obter esclarecimentos por parte da autarquia, mas até ao momento sem sucesso.
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