As Forças Armadas chinesas admitiram, esta sexta-feira, pela primeira vez, a morte de quatro soldados durante confrontos ocorridos na fronteira com a Índia, no verão passado.
Pequim admitiu publicamente ter sofrido baixas no incidente mais mortal entre os dois países em quase 45 anos.
Na altura, a Índia admitiu ter perdido 20 soldados, em lutas ocorridas nas montanhas Karakoram, na região disputada de Ladakh.
Os soldados envolveram-se em lutas corpo a corpo e usaram pedras e outras armas improvisadas para evitar um tiroteio, em junho passado. A China recusou então fornecer detalhes, alegando que não queria agravar as tensões.
Os dois países estão agora em negociações e a recuar gradualmente das posições iniciais.
O jornal das Forças Armadas chinesas, Diário do Exército de Libertação Popular, adiantou que os quatro soldados e oficiais chineses mortos foram agraciados com honras e nomeados como mártires.
De acordo com informações não confirmadas avançadas anteriormente, o número de mortos chineses poderá ter chegado aos 45. O tenente-general YK Joshi, que lidera o Comando do Norte do Exército indiano, disse que observadores indianos contaram mais de 60 soldados chineses a serem transportados em macas, embora não fosse claro quantos sofreram ferimentos fatais.
O tenso impasse nas montanhas Karakoram começou no início de maio, quando soldados indianos e chineses ignoraram os repetidos avisos verbais uns dos outros, desencadeando uma disputa, através do lançamento de pedras e lutas corpo a corpo, na margem norte do Lago Pangong, que é marcado por oito cumes contestados.
Em junho, os atritos agravaram-se e espalharam-se para o norte, em Depsang e no vale de Galwan, onde a Índia construiu uma estrada militar ao longo da fronteira disputada.
Desde então, os dois países posicionaram dezenas de milhares de soldados apoiados por artilharia, tanques e caças ao longo da fronteira de facto, designada Linha de Controlo Real, com tropas a prepararem-se para o inverno rigoroso.
As relações entre os dois países têm sido tensas, em parte devido àquela fronteira não demarcada.
China e Índia travaram uma guerra na fronteira em 1962, que terminou com uma trégua incómoda marcada por confrontos adicionais.
Desde então, as tropas protegeram a fronteira indefinida enquanto os soldados se envolviam em confrontos ocasionais. Os dois países concordaram em não se atacar com armas de fogo.
A linha de controlo contestada separa territórios controlados por chineses e indianos em Ladakh, no oeste, e no estado indiano de Arunachal Pradesh, que a China reivindica na totalidade.
De acordo com a Índia, a fronteira de facto tem 3488 quilómetros de comprimento, enquanto a China disse ser consideravelmente mais curta.
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