São, na esmagadora maioria, homens e ganham, em média, dez vezes mais do que os colaboradores das empresas. É este o retrato do típico presidente executivo (CEO) em Portugal, segundo um estudo da consultora Mercer, relativo ao ano de 2020. O mesmo que demonstrou que 85% dos que ocupam cargos de topo na administração e órgãos de fiscalização das empresas são homens e ganham, em média, mais 20% do que as mulheres nos mesmos cargos.
O estudo "Remuneração de Executivos de Topo" contou com a participação de mais de meia centena de organizações em Portugal. "Relativamente ao gap salarial de remuneração fixa entre CEO e a média de colaboradores, verifica-se um rácio médio de 10 vezes", destaca o documento. A análise mostra ainda que "relativamente às diferentes componentes de remuneração, os administradores executivos representam, em média, uma remuneração variável anual com um peso de 45% face à remuneração fixa".
No caso dos trabalhadores, "a componente variável não representa, em média, mais do que 13% da respetiva remuneração fixa". Para Tiago Borges, consultor na Mercer, "esta informação ganha especial relevância após a aprovação da Lei n.º 50/2020, que define que deve ser apresentada pelas empresas cotadas a informação da remuneração média de trabalhadores a tempo inteiro (excluindo os membros dos órgãos de administração e de fiscalização) de modo a permitir a sua comparação".
O estudo da Mercer contou, no total, com a participação de 55 organizações - incluindo oito cotadas do PSI20 -, duplicando o número de participantes da edição anterior, realizada em 2017, que contou com 28 participantes.
Segundo os relatórios e contas das cotadas do PSI20, de 2019 (ver infografia abaixo), somando a remuneração fixa e variável, os CEO passaram a ganhar quase 30 vezes mais do que a média do salário dos colaboradores. No ano anterior, ganhavam 25 vezes mais. Em média, cada CEO ganhou 916 mil euros em 2019, um aumento de 20% face ao exercício anterior. Quanto ao salário médio dos trabalhadores ficou-se pelos 29 mil euros, uma subida homóloga de 1,5%.
O estudo também aponta para a existência de um fosso entre géneros, com "uma elevada predominância de elementos do sexo masculino (85%) - nos órgãos de administração e de fiscalização em Portugal". Nas cotadas, entre 20% e 30% dos cargos de topo são ocupados por mulheres, abaixo dos 33,3% previstos na lei.
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