Foram condenados os 14 acusados do ataque, em janeiro de 2015, à redação da revista satírica Charlie Hebdo que causou a morte a 12 pessoas. O veredicto foi conhecido esta quarta-feira, quase três meses e meio depois do início do processo judicial.
Dos 14 culpados, apenas 11 estiveram em tribunal, uma vez que três fugiram para a Síria dias antes dos ataques. A justiça francesa descartou o crime de terrorismo a seis dos arguidos. As penas de prisão aplicadas vão dos quatro aos 30 anos. Apenas Mohamed Belhoucine, um dos que conseguiu fugir, foi condenado a prisão perpétua, no entanto Belhoucine foi dado como morto na Síria.
A decisão tomada pelo tribunal inclui ainda os ataques perpetuados nos dias seguintes a um supermercado judaico, onde morreram quatro pessoas e uma agente da polícia municipal em Montrouge.
Durante o julgamento, mais de 150 testemunhas e especialistas tentaram reconstituir os atentados que aconteceram na sequência da publicação da caricatura do profeta Maomé.
Nenhum dos autores materiais dos atentados ao jornal satírico e ao supermercado judaico estão vivos, tendo sido abatidos pelas autoridades. Os 14 condenados respondem por participação em organização terrorista criminosa e por cumplicidade, apoio logístico, financeiro ou material.
QUASE SEIS ANOS DEPOIS, O QUE ACONTECEU NA REVISTA CHARLIE HEBDO?
A 7 de janeiro de 2015, Chérif e Saïd Kouachi entraram pela redação da revista satírica Charlie Hebdo, em Paris, e dispararam sobre a equipa de jornalistas e caricaturistas. 12 pessoas foram mortas numa vingança pela publicação das caricaturas do profeta Maomé, anos antes. Este foi o primeiro ato terrorista reivindicado pelo Estado Islâmico na Europa.
Frédéric Boisseau, um funcionário da manutenção, foi a primeira vítima do ataque, mas o objetivo era a chegar à redação. Os irmãos Kouachi sequestraram Corinne Rey, uma caricaturista que tinha saído do edifício para fumar, e obrigaram-na a colocar o código para abrir a porta e a conduzi-los até à reunião editorial, onde abriram fogo sobre os vários jornalistas que ali estavam.
Os irmãos Kouachi conseguiram fugir do local, criando uma verdadeira caça ao homem em Paris. Dois dias depois, os principais suspeitos do ataque foram abatidos pela polícia, num armazém, a norte de Paris, onde se esconderam.
Precisamente quando as autoridades francesas rodeavam o refugio dos Kouachi, a cerca de 40 quilómetros de distância, Amédy Coulibaly entrou num supermercado judaico e matou cinco pessoas, incluindo uma agente da polícia municipal. Trazia uma câmara desportiva para filmar o ataque.
“Vocês são judeus e franceses, as duas coisas que eu mais odeio”, disse Coulibaly durante o sequestro.
O ataque terrorista à revista Charlie Hebdo ganhou impacto a nível mundial, iniciando uma luta pelo direito à liberdade de expressão e de imprensa. A frase “Je Suis Charlie Hebdo” (“Eu sou Charlie Hebdo”, em português) encheu as redes sociais como forma de apoio à revista e de condenação pelos ataques terroristas.
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