Consócio do grupo diz ao JN que pretende construir de raiz "um belo hotel de quatro estrelas". Sindicato protesta contra encerramento e "despedimento coletivo forçado" de 17 trabalhadores.
O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte denuncia a irredutibibilidade negocial, não aceita a desculpa da crise sanitária e verifica o "oportunismo económico" dos proprietários da unidade hoteleira instalada há mais de 60 anos na Avenida Fernão de Magalhães, no Porto. Prédio de seis andares "é para demolir". "Vamos fazer um hotel novo", diz ao JN um dos consócios do grupo.
A administração do Hotel Nave já tinha anunciado, em novembro, o despedimento coletivo e o encerramento do hotel detido pela STP - SociedadeTurística Portuguesa. Contactado pelo JN, um dos consócios do grupo, dono do VIP Hotels, avança: "O prédio é para demolir. É antigo e até tem uma viga já abalada. Vamos fazer um belo hotel de quatro estrelas, mas não posso dizer mais nada, nem quando podemos começar as obras, porque o projeto ainda não está aprovado e porque sabemos como é a burocracia", disse Ashraf Ali.
"Facto consumado"
As negociações com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte concluíram-se sem qualquer recuo por parte da empresa. Os sindicalistas contestam o "facto consumado". "A empresa recusou todas as propostas sindicais e decidiu encerrar à força a fase de informação e negociação e proceder ao encerramento definitivo", lê-se em comunicado publicado ontem pelo sindicato.
"Além disso, para pressionar os trabalhadores a aceitarem o despedimento como facto consumado e não o impugnarem em tribunal, a empresa não pagou o subsídio de natal nos prazos legais, o que representa uma violência e uma ilegalidade sobre os trabalhadores", acrescenta o sindicato, que diz ter comunicado a situação à Autoridade para as Condições de Trabalho.
O "lay off" foi justificado com a quebra de receitas motivada pela crise sanitária e com o mau estado das instalações. O grupo alegou que a reabilitação do edifício é incomportável no atual contexto. O sindicato afirma que a empresa tem lucros acumulados e património para enfrentar esta situação, sublinhando que a verdadeira intenção da administração é "ver-se livre dos trabalhadores para fazer as obras e não pagar salários enquanto estas decorrem ou para vender o hotel sem trabalhadores".
Inaugurado em finais dos anos 1950, o Hotel Nave tem sete pisos, um deles inferior, e 81 quartos. Nas traseiras do edifício do hotel, a empresa possui também um terreno e um bloco de 22 apartamentos, encerrados desde 2007.
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